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Vários membros do Fed opinaram que falta de dados tornou difícil avaliar atividade geral

A ata da reunião de outubro do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), divulgada nesta quarta-feira, 19, mostra que a leitura da atividade econômica ficou mais difícil diante da ausência de estatísticas oficiais durante o shutdown. Segundo o documento, os dirigentes observaram que os indicadores disponíveis sugeriam que a economia “tem se expandido a um ritmo moderado”, mas “vários participantes observaram que a falta de dados fornecidos pelo governo desde o shutdown tornou desafiador avaliar a força mais recente da atividade geral”.

O documento indica que o consumo havia mostrado sinais de firmeza, embora com diferenças marcantes entre grupos de renda: participantes notaram que o gasto vinha sendo sustentado por famílias de renda mais alta, enquanto os consumidores de menor renda demonstravam “sensibilidade maior a preços e ajustes de gasto”. Alguns dirigentes manifestaram preocupação com a “base relativamente estreita de apoio ao crescimento do consumo”, apontando risco caso os segmentos de maior renda reduzam desembolsos.

A ata acrescenta que o mercado imobiliário seguia fraco, apesar de alguns sinais de estabilização, e que a acessibilidade limitada continuava a ser um obstáculo relevante. Sobre o setor empresarial, vários dirigentes destacaram “forte investimento em tecnologia, particularmente em inteligência artificial (IA) e data centers”, enquanto outros mencionaram que o agronegócio enfrentava “ventos contrários persistentes” ligados a margens comprimidas e menor demanda externa.

Sobre a decisão de dezembro, o texto revela um FOMC dividido. A ata afirma que vários dirigentes apontaram que um corte em dezembro seria adequado caso a economia evoluísse conforme esperado nas semanas seguintes, especialmente diante do aumento dos riscos de baixa para o emprego. Ao mesmo tempo, o documento registra que “muitos dirigentes consideraram que um corte em dezembro provavelmente não seria apropriado”, citando o comportamento ainda elevado da inflação e o receio de que afrouxar demais a política pudesse ameaçar o processo de convergência para a meta.

Preço de ações

A ata da reunião de outubro do Federal Reserve mostra que “vários participantes destacaram a possibilidade de uma queda desordenada nos preços das ações”, sobretudo em um cenário de revisão abrupta das expectativas ligadas à tecnologia e à inteligência artificial, apontando riscos de volatilidade ampliada nos mercados.

O documento também cita preocupações com o aumento da alavancagem no setor de fundos de hedge e com vulnerabilidades no mercado de crédito privado, incluindo “práticas de underwriting fracas” e o risco de que tensões nesse segmento acabem se transmitindo ao restante da economia.

Para alguns dirigentes, a valorização elevada de ativos e a forte demanda por instrumentos mais arriscados aumentam a sensibilidade do sistema financeiro a choques negativos.

Estadão Conteudo

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