De acordo com a última denúncia à diretoria clínica do Pronto-Socorro, feita dia 20 de junho através de um Comunicado Interno (CI), na UTI faltavam cinco tipos de antibióticos (Imipenem, Meropenem, Tajocin, Cefepime e Ceftrioxone).
Sem esses medicamentos, de acordo com a médica Lisbeth Rocha Campolin, “não seria possível fazer o tratamento adequado dos pacientes, já que são casos gravíssimos e com infecções de difícil controle com os medicamentos existentes no PS”.
No dia 8 de junho, outra denúncia já havia sido realizada e o medicamento especificado foi o soro antitetânico que foi requisitado para o tratamento de um paciente que havia tido uma perfuração de prego enferrujado.
A médica que chamou a atenção para o caso foi a cirurgiã geral Eloise Curvo. Além da falta de medicamentos, a cirurgiã citou ainda a falta de materiais básicos de tratamento como esparadrapo e gaze.
Além da falta de medicamentos na UTI, o Pronto-Socorro de Cuiabá sofre com a falta de médicos ou com médicos faltosos. De acordo com reportagem exibida no programa “Fantástico”, da Rede Globo, os problemas vão da demora numa cirurgia até fraude no horário de óbito dos pacientes. No caso da demora em cirurgia, foi citado o caso de Dona Alaíde, 62 anos, que sofreu com dois aneurismas. Ela deu entrada na unidade de saúde no dia 12 de abril, mas só foi atendida no dia 22 do mesmo mês. Além disso, foi recomendado por duas vezes um procedimento cirúrgico, o que não ocorreu.
Outra situação, desta vez mais grave, é a falta de médicos na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Pronto-Socorro de Cuiabá. Um médico da unidade comparou a situação à de ‘um avião decolando sem piloto’.
Após a exibição da reportagem, o prefeito Mauro Mendes (PSB) determinou abertura de uma sindicância no Pronto-Socorro de Cuiabá, para apurar denúncias. O que levou o secretário de Saúde de Cuiabá, Werley Peres, e a diretoria do Pronto-Socorro Municipal a terem de responder a Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) por conta das denúncias.
Leitos sempre estão em falta
O Pronto-Socorro de Cuiabá, como já foi mostrado diversas vezes durante anos, também sofre com a falta de leitos. Esse problema é consequência principalmente da ausência de um hospital estadual que atenda os pacientes do interior de Mato Grosso, e com isso o PS acaba se tornando o ponto final para quem não tem para onde ir.
Para tentar amenizar a situação, a prefeitura aproveitou um momento difícil que a Santa Casa estava passando, e até ameaçava fechar as portas, e fez um contrato de assistência ao local, ao mesmo tempo em que providenciou 60 novos leitos dentro da Santa Casa para os pacientes do PS.
Ocorre que depois do empréstimo contraído para o investimento nos novos leitos, a Prefeitura voltou atrás e reduziu a contratação pela metade: 30 leitos. O contrato dessas vagas foi firmado em R$ 322,5 mil.
No entanto, apesar dessa medida, o Pronto-Socorro está longe de deixar de ter pacientes distribuídos nos corredores por falta de vaga.