Após investimento de R$ 20 milhões, a Usina de Mato Grosso (Usimat) passou por adaptações e foi convertida na primeira “usina flex” do país. Localizada no município de Campos de Júlio, indústria sucroalcooleira foi readaptada, permitindo o aproveitamento do excedente de cereais produzidos na região. Estimativa é produzir cerca de 35 milhões de litros de etanol até 2013, a partir do processamento de 100 mil toneladas do excedente de milho e sorgo cultivados no município.
De acordo com o diretor da empresa, Sérgio Barbieri, a ideia de produzir etanol de milho empregando a mesma tecnologia e sistema industrial utilizado na produção do combustível derivado da cana surgiu há 2 anos, após a queda acentuada nos preços do milho, quando o grão chegou a ser comercializado pela média de R$ 7 a saca no Estado. Por enquanto, a moagem da cana para produção do etanol é realizada na indústria entre abril e outubro. No restante do período, é utilizada para processamento do milho e sorgo. “A partir do ano que vem essa produção poderá ser simultânea”. Para Barbieri, a mudança é um incentivo inclusive à expansão do cultivo de sorgo no Estado, permitindo diversificar a renda dos produtores que não conseguirem cultivar o milho dentro da janela ideal de plantio.
Presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Carlos Favaro, percebe o sistema de produção adotado pela Usimat como uma alternativa possível de ser adotada por outras indústrias sucroalcooleiras. “Apoiamos esta iniciativa e vamos tentar difundir essa ideia, para que outras usinas também tentem aproveitar o excedente de milho no Estado”.
Custo-benefício – Como matéria-prima para o etanol, o milho garante maior quantidade do combustível do que a cana, explica diretor da Usimat. Enquanto uma tonelada de cana rende em média 87 litros de etanol, a mesma quantidade de milho permite obter 350 litros do mesmo produto. Problema, acrescenta Barbieri, é o custo de produção: utilizar o milho para fabricação do etanol é mais caro. Diferença média é de R$ 0,10 a mais no preço do litro do etanol de milho. Para contornar o problema do custo elevado, o restante da matéria-prima utilizada na fabricação do etanol está sendo convertida na fabricação de ração para animais, compensando os custos. Cada tonelada de milho garante, além dos 350 litros de etanol, mais 220 quilos de ração animal e outros 20 quilos de óleo bruto.
Aproveitamento da cana-de-açúcar também é total na indústria, sendo o bagaço utilizado para geração de energia. Diretor executivo do Sindicato das Usinas Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool), Jorge dos Santos, sustenta que a alternativa mais viável para produção de etanol ainda se concentra na cana-de-açúcar, mas que o aproveitamento de outras matérias-primas, como arroz, milho e sorgo, contribuem para suprir a carência de etanol, desde que não impacte ainda mais nos preços dos combustível.
Fonte: A Gazeta