A escola encantou o público e os jurados com o enredo "A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo – Água no feijão que chegou mais um…" em homenagem aos lavradores. A escola foi a última a desfilar na madrugada de terça-feira (12).
A agremiação já tinha ganhado o Carnaval do Grupo Especial em 1988, com enredo "Kizomba, a Festa da Raça", e em 2006 com o tema latinidade. A Vila Isabel também saiu da elite do Rio no ano 2000 e conseguiu retornar em 2004, com desfile em homenagem a cidade de Paraty.
Encerrando os desfiles do Rio justamente no dia do aniversário de 75 anos de seu maior símbolo, Martinho da Vila, a Unidos de Vila Isabel presenteou o sambista e a Sapucaí com um desfile impecável e já tinha despontado como favorita ao título deste ano.
A Beija-Flor ficou em segundo lugar. Um dos últimos carros teve dificuldade para entrar na avenida, o que atrapalhou a pontuação da escola.
O problema é um fato raro na agremiação, apontada como uma das que possui a técnica mais apurada no desfile.
No ano passado, a Unidos da Tijuca foi a campeã do Carnaval. A agremiação desfilou com enredo em homenagem a Luiz Gonzaga. A escola teve 299,9 dos 300 pontos possíveis e perdeu 0,1 no quesito alegorias e adereços. A escola ficou em 3º lugar nesse ano após um desfile conturbado, com a quebra do adereço de um dos carros alegóricos, que precisou ser escorado durante o desfile. Outra alegoria ainda precisou ser cortada com uma serra-elétrica na passarela. Os problemas provocaram também espaços vazio entre as alas, o que custou pontos da escola.
DESFILE
Antes mesmo de entrar na avenida, a escola já demonstrava confiança. "Tá molinho", disse Martinho sobre a disputa deste ano, depois de assistir aos concorrentes, que alternaram enredos pouco inspirados e outros cheios de problemas.
A certeza de que a escola estava pronta para a disputa contagiou os integrantes, que desfilaram cantando empolgadamente um dos melhores sambas-enredo do ano, que tem Martinho e Arlindo Cruz entre seus compositores.
A isso, somou-se o competente trabalho da equipe que tem à frente a carnavalesca Rosa Magalhães, a maior vencedora do Carnaval, e o coreógrafo Carlinhos de Jesus. Figuras populares como Martinho, sua filha Mart'nália e Sabrina Sato, madrinha da bateria, ajudaram a levantar o público que aguardou a escola.
Ainda no setor 1, antes do início oficial do desfile, a Vila já ouvia gritos de "é campeã" vindos da arquibancada. Com um enredo que falava da agricultura, patrocinado por uma multinacional do setor, a escola trouxe carros bem produzidos, com gafanhotos gigantes, plantações e a bateria tocando em meio a um canavial.
Martn'ália, que saiu à frente dos ritmistas, resumiu o espírito da escola: "Está todo mundo animado para caramba, hoje é aniversário do Martinho, estamos comemorando tudo", disse a cantora.
A escola contou com sete carros e dois tripés para apresentar o enredo sobre lavradores. Foram 3.700 componentes distribuídos em 31 alas.
A comissão de frente da escola tinha diversos componentes em um tripé em forma de caixote, que fazia diversos movimentos por meio de um controle remoto. A escola quis simbolizar o transporte da riqueza do campo para a cidade e convidar o público para conhecer o enredo.
O carro abre-alas da Vila Isabel representou o início de toda a produção. A alegoria era composta por elementos que lembram a terra e o sol.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira desfilou pela avenida fantasiado de espantalho e milharal, respectivamente. A roupa foi sugerida por eles. Uma das alegorias tinha um tatu-bola gigante para mostrar a luta de homens e animais para lutar contra a fome.
A quarta alegoria da escola levou 70 girassóis gigantes para a avenida, cada um deles girado por um integrante da escola. O último carro a passar pela Sapucaí fez menção às plantações de feijão no Brasil, cuja produção é a maior do mundo. O carro também exibia uma grande coroa, símbolo da escola, feita de frutas, legumes e verduras.
Fonte: FOLHA.COM