A Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu (SP) vai abrir uma sindicância para apurar a denúncia de que veteranos do sexto ano do curso teriam recebido os calouros, em uma festa realizada no dia 5 e março, com fantasias de carrascos. A polêmica começou depois que as fotos foram parar nas redes sociais e internautas compararam a fantasia a trajes da organização Ku Klux Klan, que defende a supremacia da raça branca.
Foram publicadas em uma página duas fotos da festa, com os estudantes usando roupas pretas e uma imagem com membros da organização, com vestimentas brancas. Em nota publicada, também na rede social, os estudantes negam a referência. Eles se reuniram na manhã desta segunda-feira (30) com a diretoria da faculdade para esclarecimentos.
De acordo com a faculdade de medicina, não houve nenhuma denúncia contra os estudantes e que foram eles próprios que procuraram a diretoria, de forma espontânea, para esclarecer os fatos.
A faculdade informou ainda, por meio de nota, que a comissão será responsável por levantar todas as informações e confrontar as versões dos estudantes envolvidos. E caso seja comprovada alguma infração ao regimento interno da faculdade serão tomadas as medidas necessárias.
Ameaças e acusações
Os estudantes do sexto ano do curso de medicina se manifestaram por meio de nota, divulgada na página da turma em uma rede social, após a repercussão do caso. No texto, eles afirmam que estão sendo alvo de acusações devido à realização do evento chamado de “Batizado da Medicina”. Eles negam a referência ao Ku Klux Klan e afirmam que na verdade a fantasia era de "carrasco".
“Esse evento é realizado anualmente, sendo que o 6° ano vigente é responsável por elaborar uma fantasia para a festa, sempre de caráter misterioso. No caso referente a nossa turma, o tema da fantasia escolhido foi de 'carrasco', utilizando roupas pretas e máscaras. As fantasias foram utilizadas apenas para a entrada da turma, sendo que foram retiradas logo após a entrada, dando início a confraternização com os calouros no evento”, esclarece a nota.
Eles ainda afirmam que a referência à organização foi feita de forma descontextualizada e que já procuraram a universidade para os devidos esclarecimentos. “A conclusão de que estávamos fantasiados de 'Ku Klux Klan' foi inferida pela forma como foram divulgada as imagens, descontextualizando totalmente a fantasia e inserindo imagens que fizessem com que os leitores chegassem a essa conclusão. Nós só retiramos as imagens porque as pessoas que estavam nas fotos começaram a ser ameaçadas”, complementa a nota.
Repercussão
A publicação dividiu a opinião dos internautas em relação ao fato. Alguns alunos defenderam que foi apenas uma brincadeira, que inclusive após a recepção, as fantasias foram retiradas e houve a confraternização entre todos. Mas, outros condenaram a atitude dos veteranos.
De acordo com uma das estudantes do curso, que prefere não se identificar, não houve trote violento, mas a fantasia dos estudantes chamou a atenção e muitos ficaram chocados. “É uma referência absurda e a justificativa não é verdadeira. Muitos comentaram que eles fizeram uma homenagem aos veteranos deles”, conta a estudante.
A estudante comentou ainda que muitos calouros ainda tem medo da retaliação, especialmente após os depoimentos na CPI que investiga os trotes das universidades públicas de São Paulo. A comissão que tramitou na Assembleia Legislativa ouviu vários alunos, inclusive do curso de medicina da Unesp, que entregou o relatório final no último dia 10 de março.
Fonte: G1