Um levantamento feito pela reportagem mostra que o Circuito Mato Grosso, em um ano, noticiou 75 ocorrências de roubo em nosso site, o que leva ao dado alarmante de uma pessoa ou família sendo vítima de assalto a cada quatro dias somente em Cuiabá. Número que deve ser muito maior, tendo em vista as vítimas que não registram boletim de ocorrência e que, quando o fazem, isso não é divulgado pela polícia para não atrapalhar as investigações.
Nestes 75 roubos divulgados, sete pessoas acabaram morrendo durante a ação criminosa, seja o ladrão ou a vítima. Em nossos dados, 50% do total destes assaltos foram praticados em residências, as vítimas ficaram reféns de bandidos armados e passaram por momentos de terror, sob a mira de criminosos armados.
Entre as regiões com maior índice de roubos, a campeã foi a Zona Oeste, com 27 assaltos. Destes crimes identificados nessa região, em três houve ocorrência de óbito. No dia 17 de março de 2017, um empresário foi morto na porta de sua casa ao reagir a um assalto no bairro Cohab Nova. Em novembro do mesmo ano, mais precisamente no dia 14, Cícero Ferreira Gomes, 47, foi baleado três vezes por um criminoso ao reagir a um roubo em sua casa no bairro Verdão.
Nos assaltos registrados na Zona Oeste, um ladrão se deu mal, levou três facadas do proprietário de uma casa no bairro Santa Marta e morreu quando tentava fugir pela Avenida Miguel Sutil.
Consequências imobiliárias
Nos bairros de Cuiabá, empresas e residências têm investido forte em aparato de segurança no intuito de inibir possíveis ações criminosas. Em bairros considerados nobres na capital, diversas casas estão à venda ou para aluguel devido à sensação de insegurança. Moradores acabam migrando para condomínios fechados e apartamentos exatamente em busca da certeza de que não vão ser atacados dentro de casa ou correr o risco de ver todo seu patrimônio roubado após uma saída muitas vezes por curto período de tempo.
Dentro de alguns bairros, moradores decidiram fechar ruas. Isso rendeu ações no Ministério Público, pois a lei proíbe esse tipo de ato sem a autorização da prefeitura.
Em novembro, nossa reportagem divulgou uma matéria mostrando que em Cuiabá já existem vários casos de fechamento de rua. Os bairros onde a prática é mais frequente são o Jardim Itália, Cidade Alta, Morada do Ouro, Jardim das Américas, Bom Clima, Terra Nova, Sesmaria São José, Avenida Beira Rio e Rua Professor Alfredo Monteiro.
Assaltos a empresários e comércios também foram bastante divulgados por nós. Lojas de celulares, shopping centers e postos de combustíveis aparecem como alvos preferidos para a prática de roubo pelos ladrões. Um shopping localizado no bairro Goiabeiras foi alvo de ladrões duas vezes em menos de 30 dias no ano de 2017. Nesta terça-feira (3), no local houve nova tentativa de roubo, porém desta vez a ação criminosa foi contida pelos seguranças do estabelecimento.
AÇÕES POR PARTE DA SEGURANÇA
Uma análise criminal da Coordenadoria de Estatísticas da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) mostrou em 2017 que a localidade conhecida como Ilha da Banana, região situada entre as avenidas Coronel Escolástico e da Prainha, parte do largo da Igreja do Rosário, concentra um dos principais pontos de vendas de drogas na capital e também é local onde acontecem vários roubos à pessoa. A maioria desses casos se concentra na região Centro-Norte de Cuiabá, nas imediações da Ilha da Banana, Morro da Luz e Beco do Candeeiro.
Em julho, investigações da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Cuiabá (Derf) culminaram na prisão de oito homens envolvidos em roubos a residência, praticados mediante emprego de arma de fogo e violência contra as vítimas. As prisões foram efetuadas em cumprimento de mandados de prisão preventiva no período de 26 de junho a 3 de julho.
A equipe do jornal solicitou à Sesp dados sobre roubos e furtos por região a casas e empresas, porém até o fechamento desta matéria não obteve resposta.