Política

Uma esquerda combalida e fragmentada em Mato Grosso

Historicamente, os candidatos da linha de esquerda sofrem rejeição dos eleitores e a situação que partidos passaram a ser foco a partir de 2014, com a deflagração da Lava Jato, piorou o quadro. E nas eleições deste ano há uma fragmentação dos partidos e intrapartidárias causada pela perda de coesão.

O pré-candidato ao Wellington Fagundes (PR) conseguiu reunir na sua aliança de base duas siglas identificadas com a linha esquerda (PT e PCdoB), enquanto o Psol entrará na disputa eleitoral isoladamente e com o argumento de que seus adversários fazem parte de uma mesma linha ideológica centro-direita, incluindo o grupo do concorrente republicano.

Dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), há racha entre alas que tentam sobrevivência no cenário político e uma vê a legitimidade de concorrer a cargos mesmo com nomes, sem considerar o critério eleitoral.

A militante filiada ao PT, professora Edna Sampaio, vê problema na desarticulação dos partidos da esquerda para atuar na composição de grupos em prol de suas ideologias. Uma combalida esquerda atingida pelo impacto da Lava Jato, que levou seus principais líderes para a prisão.

“A esquerda no Mato Grosso precisa compreender seu papel no Estado. Há um campo para a esquerda se construir em Mato Grosso, mas ainda tivemos, infelizmente, a energia suficiente para essa construção. PT e o PCdoB têm a responsabilidade de uma aproximação agora, especialmente, quando essa aliança [com o Partido Republicano] é uma estratégia para governar o Brasil, com o PT, o PROS, o Psol. Nós precisamos dialogar”.

Ela afirma que vieses adotados por cada partido para aplicação de suas ideias divergem ao ponto de distanciamento no próprio campo político, mesmo partido de alguns pontos de vista em comum.

“A esquerda se constitui com muito mais dificuldade do que a direita, porque há divergências nas formas, metodologia, tática, estratégia, embora, do ponto de vista mais geral podemos até convergir, mas, na ação, acabamos divergindo demais”.

Na prática, gera a desfragmentação e dificuldade histórica para fortalecimento. “As pessoas fazem cálculo muito matemático sobre a questão da aliança abandonando uma perspectiva mais programática. As pessoas têm desacreditado nisso, têm sido muito pragmáticas”.

A professora Edna Sampaio conseguiu a liberação de sua candidatura a deputada federal após um recurso pedido à Executiva nacional do partido para concorrer nas eleições deste ano. O pedido foi aprovado em votação apertada, de 10 a 9, no domingo (5), horas depois do fechamento da lista em convenção partidária em Cuiabá. Os delegados locais haviam rechaçado a candidatura dela.

A candidatura da militante representa uma ala descontente do Partido dos Trabalhadores que buscava o lançamento de candidatura própria para os cargos majoritários nas eleições deste ano. Ela afirma que a direção petista em Mato Grosso “retaliou” seu nome para disputar as eleições porque ela discordava de um grupo interno e da aliança com o Partido Republicano (PR), do senador Wellington Fagundes, pré-candidato ao governo.

A reportagem procurou representes do PT e do Psol para opinar sobre o assunto, mas não houve retorno até a publicação da matéria.

Histórico forte

 Mato Grosso tem sido governado nos últimos anos por representantes da linha direita ou de centro. Desde a retomada do regime democrático, em 1984, políticos considerados de direita governaram o Estado. Em 1986, na primeira eleição pós-ditadura militar, foi eleito para o governo Wilmar Peres de Faria, pelo PDS. Antes dele, Júlio Campos, então filiado ao mesmo partido governou o Estado (1983-1986).

Carlos Bezerra, já filiado ao PMDB, hoje MDB, conseguiu eleição para o período de 1987 a 1990. Em 1991, o antigo PFL, hoje o Democratas, foi o primeiro partido a comandar o Palácio Paiaguás com eleição de Jayme Campos.

Ele foi substituído por Dante de Oliveira, que conseguiu dois mandatos seguidos e ficou a frente do Estado entre 2002 e 2009. Dante passou o bastão para outro político da centro-direita para outro mandato de oito anos de governo. Blairo Maggi, do PPS, hoje ministro da Agricultura e filiado PP, ocupou a vaga de 2003 a março de 2010, quando saiu para disputar vaga ao Senado.  Assumiu o cargo Silval Barbosa, então filiado o PMDB.

O atual governador Pedro Taques – antes PDT, hoje PSDB – é próximo na sucessão com eleição em 2014.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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