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Uberização, CLT demonizada e Venezuela: como foi a 1ª fase da Fuvest

A primeira fase da prova da Fuvest 2026, o vestibular da Universidade de São Paulo(USP), aplicada nesta domingo, 23, trouxe questões de interpretação relacionadas ao mercado de trabalho no Brasil, com temas como a “uberização” do trabalho e a recente “demonização” de empregos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) entre crianças e adolescentes.

Nesta edição, 111.480 candidatos se inscreveram para disputar as 8.147 vagas de um dos processos seletivos mais concorridos e tradicionais do País.

De acordo com o diretor executivo da Fuvest, Gustavo Monaco, a abstenção foi de 9,17%, número maior do que o registrado nos anos anteriores. Em 2024, por exemplo, a abstenção foi de 7,48%, a mais baixa da história do vestibular. Monaco afirmou que o aumento pode estar relacionado ao fato de a prova ter sido aplicada durante um feriado prolongado.

Ele disse ainda que as notas de corte da primeira fase da Fuvest devem ser divulgadas entre os dias 1º e 2 de dezembro. O gabarito já foi divulgado neste domingo.

Ao todo, o exame contou com 90 questões de múltipla escolha. O diretor executivo da Fuvest disse que a prova priorizou a interdisciplinaridade, como já havia sido anunciado.

A professora Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, avaliou que as questões interdisciplinares utilizaram áreas como Geografia, Sociologia, Filosofia e Literatura como pontes entre diferentes conhecimentos. Ela destacou que várias disciplinas dialogaram com o Inglês, especialmente Biologia.

Para Vera Lúcia, as questões de Geografia aproveitaram a interdisciplinaridade ao cobrar conhecimentos sobre temas atuais e conflitos internacionais. Algumas perguntas abordavam, por exemplo, a região de Nagorno-Karabakh, na fronteira entre a Armênia e o Azerbaijão, o Oriente Médio e a tentativa de anexação de Essequibo, na Guiana, por parte da Venezuela.

Já o professor Vinicius Beltrão, gerente de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Educação, afirmou que a prova foi bem contextualizada, exigiu pensamento crítico e atualizou discussões sobre meio ambiente e questões sociais, mas ainda manteve alguns elementos clássicos da Fuvest.

“Tinha resolução de problemas envolvendo logaritmos, questões sobre funções, massa molar e até sobre o renascimento, elementos que ainda remetem a uma Fuvest que carrega suas características de origem, apesar de ficar cada vez mais claro e explícito o esforço de ter uma prova interdisciplinar”, analisou Beltrão.

Entre as leituras obrigatórias, a única que não apareceu nas questões da primeira fase foi Nebulosa, de Narcisa Amália. A obra mais citada foi Caminho de Pedras, de Rachel de Queiroz.

Beltrão avaliou que a articulação entre os livros e os problemas discutidos nas obras enfatizou a participação da mulher na sociedade, não apenas no Brasil, mas também em países africanos de língua portuguesa e no contexto da humanidade como um todo.

Para Vera Lúcia, ter apenas o resumo das obras memorizado não bastava. “Exigia realmente a capacidade de leitura, interpretação e o repertório cultural do aluno”, afirmou.

O papel dos professores na conscientização dos alunos sobre as diferenças sociolinguísticas do Brasil também foi citado, assim como uma questão que mencionava a obra Verdade Tropical, livro de memórias escrito pelo cantor Caetano Veloso.

Estadão Conteudo

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