Um tunisiano de 26 anos que se reuniu na véspera do atentado de 19 de dezembro contra uma feira natalina em Berlim com o suposto autor do ataque, Amis Amri, foi detido na capital alemã e passou a ser investigado se sabia ou colaborou para os planos terroristas, informou nesta quarta-feira (4) a procuradoria federal alemã.
Uma porta-voz do órgão disse que ambos os jovens, que se conheciam pelo menos desde 2015, se reuniram na tarde anterior ao atentado em um restaurante do bairro berlinense de Mitte e conversaram bastante, mas detalhou que ainda não há dados que provem sua colaboração no ato, no qual morreram 12 pessoas.
A detenção deste tunisiano foi ordenada pela promotoria de Berlim após, na terça-feira, ter sido feita uma inspeção em seu alojamento em um centro de refugiados da capital, onde foram confiscados diversos materiais.
Os agentes vasculharam também uma casa em Berlim na qual reside um homem – considerado testemunha – que dividiu quarto com Amri no ano passado e para quem ligou por telefone no mesmo dia do atentado, mas ainda não se sabe se conseguiram conversar.
Os investigadores reconstituíram boa parte do dia do atentado e concluíram que Amri atirou no caminhoneiro polonês no mesmo lugar onde roubou veículo para cometer o atentado, próximo ao rio Spree.
A arma usada para matar o caminhoneiro foi a mesma utilizada em Milão quatro dias depois, antes do terrorista ser abatido pela polícia italiana, e o tiro foi feito do banco do motorista, já que o motorista polonês deveria estar nesse momento no assento do copiloto.
A polícia, que descarta que houvesse uma terceira pessoa na cabine, determinou o percurso do caminhão graças ao GPS do veículo e comprovou que Amri enviou uma mensagem de áudio e uma fotografia pouco antes do atentado, acrescentou a porta-voz da procuradoria, sem oferecer detalhes do possível destinatário.
Após usar o veículo para atropelar a feira natalina, o suposto autor do atentado foi gravado pelas câmeras de segurança na estação de metrô e próximo ao zoológico.
Segundo a porta-voz, Amri foi consciente disso e levantou perante a câmera o dedo indicador, um gesto habitual entre os simpatizantes do jihadista Estado Islâmico (EI). Seu rastro voltou ser encontrado em uma mesquita da capital, onde também foi gravado pelas câmaras de segurança.
Em sua fuga da Alemanha, foram seguidas pistas na Holanda, primeiro em Nimwegen, na fronteiriça com o estado federado da Renânia do Norte-Vestfália, e depois em Amsterdã.
De lá, viajou para Lyon (França), depois para Turim (Itália) e finalmente a Milão, onde foi abatido em um controle rotineiro pela polícia italiana no bairro de Sesto San Giovanni, perto de Cinisello Balsamo, de onde o caminhoneiro polonês tinha saído rumo a Berlim no dia 16 de dezembro.
A Justiça alemã e a polícia averiguam esta coincidência e se existe a possibilidade de Amri ter conhecido a futura vítima já na Itália.
A arma confiscada pela polícia italiana foi fabricada por uma empresa que faliu nos anos 90, o que, de acordo com as autoridades, dificulta a tarefa de comprovar como ela chegou às mãos de Amri.
Fonte: G1