Cidades

Trotes cruéis e sem limites

Após meses de estudos e dedicação, eis que o resultado do vestibular chega positivamente aos calouros de todo o país. Embora seja um momento de comemoração, há cursos que são marcados pelos excessos dos famosos ‘trotes’. Em alguns casos, a saúde dos estudantes é colocada em xeque e, em outros, o abuso moral é levado durante anos pelas vítimas desses atos truculentos.

Entra ano e sai ano, o registro de trotes abusivos ainda é marcado nas universidades. Em Mato Grosso, tanto na capital como em cidades do interior, veteranos se organizam durante meses para celebrar o ‘rito de passagem’, tão ou mais violento que o recebido no ano anterior. O abuso é tão grande que nenhum dos entrevistados quis se identificar, por medo de represálias por parte dos colegas de curso.

Um estudante de Engenharia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi uma dessas vítimas. Ele disse que teve o corpo todo marcado por sol, além de escoriações, devido ao trote recebido na primeira semana de aulas deste ano.

“Achei que iríamos ser pintados e pedir dinheiro na rua. Até aí tudo bem. Mas eles nos obrigaram a carregar um tronco pedadíssimo e correr por metros pela universidade. E também tivemos que andar em posição de ‘elefantinho’. Sempre quando alguém se negava, era vaiado ou algo do tipo. Pegaram muito pesado”.

Outro caso, aparentemente mais leve, deixou traços de crueldade por parte dos veteranos de Zootecnia da UFMT. Um dos calouros denunciou que alunos entraram na sala e recolheram todos os cadernos e estojos dos novatos. Até aí tudo bem, mas as consequências disso foram questionáveis.

“Um aluno entrou pelas cotas de baixa renda e é sustentado pelo Bolsa Família. Ele não tinha condições de comprar outro caderno. Acho que os veteranos passaram um pouco do limite por conta disso. Até onde eu sei, eles não devolveram os materiais, o que torna a situação um pouco constrangedora demais”.

Sem comida

Um ato curioso marcou a primeira semana de aula na UFMT. A coordenação do Restaurante Universitário (RU) retirou todas as facas do refeitório. Isso porque veteranos, com a intenção de prosseguir com o trote, pegaram o garfo de cada calouro para dificultar a alimentação deles.

Uma aluna de Serviço Social denunciou que uma colega de sala havia se machucado na boca, pois tentava comer o alimento com a faca. Depois desse fato, o caso foi notificado e os talheres foram recolocados. Caso algum aluno adotasse novamente a medida, um processo seria aberto contra ele.

Leia a íntegra da reportagem

Noelisa Andreola

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