Esportes

Treinador Lisca assume o Inter e promete “trabalho” e “luta” para evitar queda

A saga do Inter para escapar do rebaixamento acaba de ganhar uma pitada de loucura. Contratado após a demissão de Celso Roth, Lisca foi apresentado na manhã desta sexta-feira no Beira-Rio e falou do orgulho em voltar ao clube no qual começou a carreira como técnico. Apesar do pouco tempo que terá – são apenas três rodadas até o final do campeonato – prometeu fazer desses 16 dias uma "Copa do Mundo" para evitar a queda para a Série B. Negou, porém, o rótulo de herói. 

– Claro que é um momento difícil, estou chegando nas ultimas três rodadas. Mas vamos lutar e trabalhar muito para permanecer na Série A. Não acredito em heróis no futebol, ninguém faz nada sozinho. Não vim buscar isso, vim fazer um trabalho. É um desafio muito grande e uma honra muito grande em um momento difícil do Inter – declarou o novo técnico. 

Com o empate diante da Ponte Preta na noite de quinta-feira, que custou o emprego de Celso Roth, o Inter se manteve em 17º lugar na tabela, com o mesmo número de pontos que o Vitória: 39. O novo treinador acredita que com 45 pontos o Inter escapa da degola. Para isso, pediu que a torcida esqueça os últimos resultados e siga apoiando o time para preservar o patrimônio de nunca ter sido rebaixado para a segunda divisão. 

– Acredito (em fugir do rebaixamento) pela situação na tabela. Temos a mesma pontuação do Vitória, o Sport também entra nessa briga, o Figueirense também pode almejar. Está na nossa mão. Quando chega um novo treinador a conta é zerada. Precisamos trabalhar esses três jogos e contar com o carinho da torcida. Será como uma conquista de Copa do Mundo permanecer na Série A. O Inter tem a característica de nunca ter caído para a Série B e isso é um patrimônio do clube – ressaltou.

Lisca abraçou a alcunha de Doido em razão do estilo sanguíneo e irreverente em sua passagem pelo Ceará. Em Fortaleza, o treinador assumiu o Vozão com 98% de chances de um trágico rebaixamento à Série C e a 12 pontos do primeiro rival fora do Z-4. Ao seu jeito, conseguiu livrar o clube cearense da degola, ao enfileirar quatro improváveis vitórias na reta final da Série B. A festa com a torcida, no Castelão, teve direito ao canto tradicional, celebrado até com o técnico vestindo a cabeça do mascote e saltitando, vibrante, dentro de campo. Passou ainda por clubes como Luverdense, Náutico, Sampaio Corrêa, e Joinville, seu último clube. 

À tarde, comandará seu primeiro treino no novo clube. A missão do novo treinador não será fácil. O Colorado ocupa a 17ª posição, com 39 pontos, os mesmos do Vitória, que fica à frente, fora da zona de rebaixamento, pelo número de gols marcados. São apenas mais três jogos para evitar o descenso, contra o Corinthians (fora), Cruzeiro (casa) e Fluminense (fora). O duelo com o Timão está marcado para a segunda-feira, às 20h, na Arena Corinthians, pela 36ª rodada.

Confira trechos da entrevista: 

Tamanho do desafio
"Estou chegando nas últimas três rodadas. Tenho uma responsabilidade grande com o resultado que vier. Queremos ficar na Série A e acreditamos nisso. Vamos trabalhar diuturnamente. Não acredito em herói no futebol. Trabalhamos em conjunto e não vim buscar ser herói. Fui convocado pelo presidente Vitório e pelo presidente Carvalho. É um desafio e uma honra muito grande ser lembrado em um momento difícil e encarregado dessa responsabilidade". 

Exemplo em fuga do rebaixamento do Ceará
"No Ceará tinha nove rodadas, tivemos 15 dias de trabalho sem rodada. Era diferente. Cheguei sozinho, desconhecido, desacreditado. Sem a unidade que o clube busca, essa integração com o torcedor. Tive que comandar todo processo que a direção faz aqui. É bem diferente. O tempo de trabalho, a necessidade é diferente. De oito tínhamos que ganhar seis e empatar um, foi exatamente o que aconteceu. Aqui precisamos fazer mais que o Vitória e o Figueirense. Quem sabe beliscar o Sport. É pensar jogo a jogo. Não adianta se preocupar com os outros. Temos que pensar em nós mesmos. Fazendo 45 pontos acho que dificilmente caímos". 

Apelido Lisca Doido
"O apelido veio do Juventude, que adaptou o grito de 'Papo Doido' para Lisca Doido. Foi pelo momento, a dificuldade, e a entrega que tivemos. Me dediquei muito por pequenas conquistas, o Juventude não tinha série aquele tempo, nem mesmo Série D a torcida identificou esse prazer, essa identificação e acabou que se criou isso. O Náutico era parecido, fomentei isso, o Náutico sofrendo, tempo sem vencer do Sport, finais… Lá no Ceará foi diferente, tinha conquista  e eles me jogaram essa responsabilidade, criaram uma música, e quando voltei tinha isso, doido e apaixonado. A imprensa gosta disso, lá eles adoram o personagem. Então, aqui todos me conhecem, acho que isso não vai acontecer". 

Histórico no Inter
"O torcedor do Inter me conhece de outros trabalhos e carnavais. Vocês não imaginam como esta minha família, está todo mundo muito feliz e motivado, acreditando muito, feliz pela oportunidade que estou tendo de todo meu esforço e caminhada. Não caio de paraquedas. Comecei lá no areião, nas escolinhas, passei por todas as categorias e agora o profissional. São três jogos, mas vou dar minha vida nestes três jogos. Vou viver de manhã, tarde, noite, vou comer e jantar Inter, adversários, vou fazer de tudo, deixar tudo que tenho". 

Estilo preferido de jogar
"Todo treinador quer equilíbrio. Ataque agressivo e defesa sólida. Nunca dizem o que começa, defende ou ataca primeiro? É tudo muito integrado. Tem que saber quando pega a bola o que fazer e quando perde a bola o que vai fazer. Uma coisa está ligada a outra e temos que ter isso bem claro. Pretendo um Inter mais agressivo, que alguns jogadores possam nos dar profundidade, mostrar movimentação, o que queremos, sincronizar movimentos ofensivos, meu estilo é esse. Minha metodologia é toda integrada dentro do treinamento. Se eu tiver cinco ou dois minutos vou aproveitar. Não terei muito tempo, eu sei, mas vou aproveitar. Você só curte a vida quando aceita a morte. Vamos curtir a vida, fazer de tudo para evitar a tragédia que seria a queda para a Série B". 

Análise do atual elenco e apoio da torcida
"Não vou falar quais são os defeitos e problemas do Inter. Tenho minha avaliação, mas vou me preservar o máximo possível. Não vou avaliar publicamente. Internamente com os jogadores, sim. 

Precisamos disso e vamos jogo a jogo. Contamos com o apoio da nossa torcida, que ontem apoiou. É um novo momento e preciso do torcedor. Estou aqui e acredito muito. Valorizo muito essa oportunidade e clamo pelo torcedor. É muito importante que todos sintam carinho neste momento difícil. Será muito mais fácil junto com o torcedor. Não é agora o Lisca, Fernando, Vitório, Ibsen, é o Inter. Independente de qualquer coisa é o Inter. Hoje para nós será um grande título, uma grande conquista, ficar na Série A. É obrigação? É. Mas, para nós do dia a dia, será como uma conquista de Copa do Mundo permanecer na Série A". 

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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