Para o professor doutor do Núcleo de Estudos de Logística e Transporte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Luiz Miguel de Miranda, as más condições atuais do trânsito de Cuiabá vão além das obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014. “Nós estamos criando aqui uma nova arena de cristãos contra as feras, onde as feras estão incólumes (ilesas). Então, não adianta nada investir em infraestrutura e fiscalização se não investirmos em educação”, pontua o especialista.
Já a respeito da sensação de incômodo da população em relação às obras de mobilidade urbana – que, para o especialista, estão atrasadas há mais de 30 anos –, Miguel garante que o grande erro dos gestores é a falta de comunicação com a população, uma vez que a maioria das pessoas não fica sabendo, com a devida antecedência, sobre as mudanças que terão na sua rotina. A situação é ainda agravada pela péssima qualidade de sinalização oferecida.
“Se a população tivesse o mínimo de condições como segurança, conforto e informação, sem ruas de péssima qualidade, e também se houvesse um boletim diário, com informações chegando via rádio e TV, sobre como vai ser o trânsito no outro dia, as coisas poderiam ser muito diferentes. Estas atitudes simples e obrigatórias gerariam uma sensação de preocupação das autoridades com a qualidade de vida do cidadão, fazendo com que ele se torne mais compreensivo com as dificuldades”, afirmou.
Todos estes problemas de gestão têm início na ineficiência ou inexistência do plano de execução de obras, que implicaria em ter o devido conhecimento dos eventuais desvios. A previsão de onde estão localizadas as galerias de esgoto, linhas de telefone, pontos de ônibus, nascentes, entre outros complicadores (e com eles, suas soluções), garantiria maior dinamismo no processo e uma execução ágil, resolvendo a maioria dos atrasos em obras.
“O grande problema é que os gestores simplesmente deixam de lado este tipo de trabalho. Eu digo para você que qualquer engenheiro formado faz uma obra de engenharia, mas nem todos eles fazem um plano de execução com maestria e cuidado, porque denota um conhecimento mais profundo e maior custo de obras”, garantiu o especialista, que ainda fez questão de declarar que uma prova da inexistência do plano de obras são as inversões de vias, que antes tinham mão dupla e agora foram transformadas em mão única, e não possuem sequer uma faixa amarela, obrigatória nesses casos.
Por Mayla Miranda
Foto: Pedro Alves