Cidades

Tradição oriental que encanta cuiabanos

Foto: Ahmad Jarrah / Circuito MT

Promover uma espécie de ‘intercâmbio cultural’ sem sair do seu município, e ainda fomentar, divulgar e preservar os hábitos japoneses e suas diversas manifestações. Esse foi um dos objetivos do 4º Festival do Japão, realizado em Cuiabá, entre os dias 09 e 12 de outubro, que reuniu cerca de 100 mil pessoas no Memorial Sesi Papa. Apresentações, culinária, games e cosplayers fizeram parte do evento, feito para trazer um pouco do Japão para os mato-grossenses. 

Segundo o apresentador do evento, Jorge Shinohara, cerca de seis mil famílias de descendência japonesa vivem no estado. “Só em Cuiabá, são cerca de três mil famílias. Nós vimos a quantidade de japoneses na capital, e como o festival acontece em todo o País decidimos trazê-lo pra cá”, conta.

O evento começou em 2012, com estimativa de apenas três mil pessoas. Mas a Associação Nipo-Brasileira de Cuiabá e Várzea Grande foi surpreendida com o número de 30 mil visitantes, fazendo com que a Praça Santos Dumont – o primeiro local do evento – ficasse pequena diante de tantas pessoas. 

“O número nos surpreendeu, no ano seguinte passamos para o estacionamento de um shopping e mesmo assim as pessoas reclamavam do espaço, mas permanecemos ainda no mesmo local por mais uma edição. Neste ano decidimos optar por um espaço mais amplo”, explica Shinohara. 

O evento reuniu mais 100 artistas nacionais e internacionais para apresentações artísticas e esportivas. Nas artes, o festival ainda teve shows de mágica, oficina de origami, música tradicional, danças folclóricas, além da eleição da Miss Nikkey Mato Grosso, coroando este ano a descendente japonesa, Ana Carolina Miyashita.

Também houve apresentações de taikô – grande tambor –, um dos mais antigos instrumentos de percussão japonês. “Esse instrumento era usado para se comunicar durante a guerra. Eu me interessei em aprender a tocá-lo no primeiro festival do Japão, eu achei superinteressante e fui procurar saber aonde eu poderia fazer aulas, e descobri que eles não fazem distinção de raças, qualquer um pode tocar mesmo não sendo japonês”, conta Thiago Sordi.  

Já nos esportes, os destaques foram a prática e o ensino do críquete japonês, tênis de mesa, artes marciais, e uma máquina da Major League de Beisebol, para que o público treinasse rebatidas .

A praça de alimentação teve 42 estandes instalados e ofereceu todos os tipos de pratos típicos do Japão, desde o tradicional yakisoba aos famosos sushis e temakis.  Um dos estandes era da Associação da terceira idade “Rossou-kai” da comunidade nipônica. “Estamos vendendo sushis para arrecadar dinheiro para a nossa associação. Eu fico bastante feliz ao ver a nossa cultura representada aqui no Estado”, fala Luciano Ozaki.

Um dos produtores do evento, Joel Klimaschewsk, falou ao Circuito Mato Grosso sobre o resultado do festival. “O saldo, este ano, foi muito positivo. O número de 100 mil pessoas em quatro dias é muito satisfatório, ter a oportunidade de vir para um lugar mais amplo nos proporcionou a chance de aumentar o número de bazaristas no evento. Fechamos com chave de ouro, e com um grande público no último dia à espera dos cosplayers”, disse.

E ainda complementou: “A adesão do Grupo Extra Caminhões no evento foi gratificante, as parcerias são muito importantes para nós”, finaliza o produtor.

COSPLAY

Um dos destaques do festival foram os cosplayers e as lolitas (Kawaii) – meninas vestidas de bonecas –, que fizeram a alegria do público jovem presente no evento. Vestida de ‘Daenerys Targaryen’, do seriado Game Of Thrones, Gleize Torres conta que faz cosplay há quatro anos. “Eu sou, como dizem, otaku, nerd. Eu fiz pela primeira vez cosplay no primeiro festival e trouxe meu marido junto para esse universo, e hoje ela está aqui de Batman”, diz.

Cosplay (Kosupure) é abreviação de costume play que pode traduzir-se por "representação de personagem a caráter", refere-se à atividade lúdica praticada principalmente por jovens e que consiste em caracterizar-se ou fantasiar-se de algum personagem real ou ficcional.

Os mais usados para cosplayers são, animes – desenhos animados japoneses –, cartoons – desenhos animados –, mangás ¬¬– histórias em quadrinhos japoneses –, comics ¬¬– histórias em quadrinhos americanos –, videogames ou ainda de grupos musicais.  Interpretando-os de forma mais fiel possível.

Michel Ferreira veio, também é um apaixonado por fazer cosplay. “Este ano estou de Lambo personagem do anime, Katekyo Hitman Reborn, e fazer isso é uma das coisas que mais me faz feliz, o festival é uma alegria”, fala animado.

Em Mato Grosso ainda é bem tímido esse movimento, mas com praticantes dedicados. O público tem aumentado a cada ano. “A forma como o povo cuiabano abraçou o festival foi impressionante, nós passamos muito tempo fechados em nossa própria comunidade”, explana ainda o apresentador, Jorge Shinohara.

 

Noelisa Andreola

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