Cidades

Trabalho de ‘desospitalização’ melhora qualidade do atendimento do Pronto Socorro

Foto Ahmad Jarrah/ Circuito Mato Grosso

O projeto de desospitalização conseguiu dar alta a 18 pacientes crônicos do Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), somente neste ano, provendo todos os medicamentos necessários para prosseguirem o tratamento em domicílio.

A ação, que parte da premissa de uma gestão humanizada, tem gerado a perspectiva de uma nova realidade, cujas principais metas são a desocupação dos corredores da unidade e um atendimento digno à população.

Para diretora superintendente da unidade, Zamara Brandão Ribeiro, a primeira vista o número pode até parecer pequeno, mas a liberação de leitos contribui para o aumento da taxa de rotatividade dos pacientes. Outro aspecto importante que merece ser enfatizado, segundo ela, é a diminuição da resistência bacteriana e do controle de infecções, diminuindo as chances de morte.

“A recuperação do paciente no ambiente familiar é mais eficaz, quando possível. E isso não significa que estamos deixando de assisti-lo. Pelo contrário! Nós avaliamos o quadro de saúde dele toda semana. Quando os medicamentos são via oral, fornecemos os remédios para que tome em casa. Já em caso de injetáveis, notificamos a policlínica mais próxima de sua casa para que ele receba a aplicação das doses”, explicou Zamara.

Raimundo Ferreira de Jesus, de 53 anos, é um exemplo disso. Após três meses de internação, devido à fratura numa das pernas num acidente de trânsito, o morador do bairro Santa Isabel foi medicado por outros três meses na policlínica do Verdão. “Foi a melhor coisa terminar o tratamento em casa, onde me sinto mais a vontade. A gente fica estressado dentro do Hospital. É como um passarinho preso na gaiola e que finalmente pode voar”, comparou.

O projeto foi criado em 2014 pelo enfermeiro Euclides Souza, depois de observar que a média do tempo de internação dos pacientes era de 90 a 180 dias. “Tivemos casos de pacientes que chegaram a ficar internados por mais de um ano. Isso representa custos pra unidade e gera impactos para todo sistema, pois o leito poderia estar sendo ocupado por outro paciente”, comentou.

À época, o número de profissionais que atuavam na desospitalização era pequeno e, consequentemente, os resultados tímidos. Hoje, com três infectologistas, dois enfermeiros e uma farmacêutica compondo a equipe, é possível apreciar a diminuição do número de pacientes nos corredores.

O projeto

A desospitalização tem como base a Portaria 1208/13 do Ministério da Saúde e tem como filosofia o conceito ‘stewardship’. Sem tradução para o português, o termo pode ser entendido como gerência e a capacidade de formulação de estratégias e políticas para assegurar a saúde do paciente.

Redação

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