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Tráfico de pessoas para centrais de golpes digitais é ‘crise global’, afirma Interpol

Um relatório da Organização Internacional de Polícia Criminal, a Interpol, identificou um aumento no tráfico de pessoas para centros de golpes digitais em todo o mundo. Apenas em março deste ano, vítimas de 66 países foram levadas para esses locais, diz o documento divulgado nesta semana.

A agência policial afirmou que o problema, antes concentrado em países do Sudeste Asiático, se tornou uma “crise global”. Também disse que emitiu um Alerta Laranja para sinalizar a “séria e iminente” ameaça à segurança pública. Operações contra esse tipo de crime foram realizadas em pelo menos 116 países no último ano.

A análise, feita com dados de alertas da Interpol emitidos nos últimos cinco anos, mostrou que crimes de tráfico humano com o objetivo de exploração em centrais de golpes cibernéticos têm sido registrados desde 2015. Inicialmente, as vítimas eram majoritariamente falantes da língua chinesa e oriundas da Ásia.

Contudo, nos últimos três anos, o número de pessoas traficadas de outras regiões cresceu, com destaque para a América do Sul, Europa Ocidental e África Oriental. Ao mesmo tempo, novos centros foram montados em países do Oriente Médio, da América Central e, principalmente, da África Ocidental.

O material divulgado na quarta-feira, 2, também traçou um perfil dos facilitadores de tráfico de pessoas: 90% deles são da Ásia, 80% são homens e 61% têm entre 20 e 39 anos.

Esse tipo de crime tem duas vítimas principais: aquelas traficadas, que são forçadas a executarem crimes digitais e estão sujeitas a extorsão, espancamento, exploração sexual, tortura e estupro; e aquelas que caem nos golpes e sofrem danos financeiros e emocionais.

A Interpol apontou que os criminosos utilizam inteligência artificial para chegar aos dois tipos de vítimas. No caso das pessoas traficadas, a tecnologia ajuda na produção de anúncios de empregos falsos convincentes e atrativos. Já no caso das vítimas dos golpes virtuais, a IA é usada na geração de fotos e perfis falsos, para crimes como sextortion (extorsão com uso de conteúdo íntimo da vítima).

“Os relatórios analisados pela Interpol mostram que as mesmas rotas usadas para traficar vítimas para centros de golpes podem ser usadas para traficar drogas, armas de fogo e espécies protegidas da vida selvagem”, conclui a organização.

Estadão Conteudo

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