Foto: André Romeu / TJMT
Com a preocupação de contribuir para a autonomia e independência de profissionais portadores de necessidades especiais, a equipe da Coordenadoria de Tecnologia da Informação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) realizou um trabalho de revisão e ampliação da acessibilidade ao sistema Processo Judicial Digital (Projudi) para deficientes visuais.
Para isso, foi feita uma parceria com o advogado do Município de Sinop (500 km ao norte de Cuiabá), Marcelo Leandro Sonntag, de 22 anos. O advogado, que perdeu a visão com apenas oito anos, teve pouquíssimo acesso ao mundo da computação antes da adolescência. Com dificuldade, conseguiu aprender informática e a navegar na internet. E graças a tecnologias como os processos virtuais, hoje ele consegue protocolar e acompanhar processos judiciais virtualmente. Entretanto, ainda existiam algumas limitações que o impediam de fazer tudo sozinho, o que o fez procurar o Tribunal de Justiça para propor alterações no sistema.
Conforme o gerente de projetos da TI, Rafael Kloeckner, depois de uma reunião inicial e uma série de contatos telefônicos, a equipe de TI conseguiu reunir 11 apontamentos feitos por Marcelo que precisavam ser melhorados no sistema. “Fizemos as adaptações necessárias para que o leitor de tela que ele utiliza conseguisse identificar todos os campos. Além disso, nos preocupamos com a navegação e a sequência lógica para que ele conseguisse cadastrar o processo”, afirmou o gerente de TI.
Para isso, ele conta que foi preciso estudar regras e padrões internacionais, assim como instalar a ferramenta de leitura para tentar compreender as dificuldades do advogado. “Foi uma experiência única para todos nós da equipe, pois nunca passamos por esta situação de vivenciar uma necessidade especial. É muito bom saber que podemos fazer a diferença na vida de alguém, especialmente do Dr. Marcelo, que tem uma história de muita luta. O Tribunal não poderia se colocar como um impeditivo para ele, mas sim como um facilitador”, garantiu Rafael.
O gerente salienta ainda que a intenção do departamento é levar acessibilidade para outras ferramentas do Tribunal, como o Portal (www.tjmt.jus.br) e o Portal Eletrônico do Advogado (PEA). “Certamente gostaríamos de continuar contando com a parceria com o Dr. Marcelo para promover essas melhorias nos nossos sistemas e ele será nosso principal cliente nesses trabalhos”, ressaltou Rafael.
Quem ficou responsável por tentar entender na prática quais eram as principais dificuldades do advogado com o sistema foi a analista de software Aryadnne Zanatta. A analista explicou ainda que uma das principais alterações realizadas foi à adaptação do sistema à ferramenta que faz a leitura da tela.
Após as alterações feitas pela TI, o advogado diz que as dificuldades que tinha antes foram sanadas. “Foi uma melhora muito grande. É raro encontrar algum campo em que eu tenha alguma dificuldade. Antes, eu precisava chamar alguém para me auxiliar. Agora não, são coisas que eu consigo resolver sozinho utilizando o teclado. É uma alegria muito grande poder trabalhar com autonomia, sem depender de outras pessoas”, destacou.
Com assessoria