A polícia iniciou no Carnaval projeto-piloto na capital para detectar motoristas sob efeito de outras drogas além do álcool. No primeiro dia, entre sexta e sábado, um motorista foi pego com maconha.
Esse exame, feito a partir da coleta da saliva, pode ser distorcido por fatores como o pH (nível de acidez) da boca, diz Sandra Scivoletto, da Faculdade de Medicina da USP.
"Se [a pessoa] está muito tempo em jejum, tem alteração no pH da saliva. Pode dar falso positivo ou negativo."
Também pode haver "contaminação", explica André Malbergier, coordenador do grupo de álcool e drogas do Hospital das Clínicas. "Se ele [o motorista] estava com amigos e eles fumaram, o teste pode ter sido contaminado."
Segundo ele, o teste de saliva pode detectar se o motorista fumou maconha até 72 horas antes da fiscalização.
"Os testes de resposta rápida precisam de uma confirmação laboratorial para evitar um resultado falso", explica o toxicologista Ovandir Alves Silva, diretor do Ibemax (Instituto Brasileiro de Estudo e Avaliação Toxicológica).
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EXAME CLÍNICO
Se o teste na blitz dá positivo, o motorista é levado ao IML para um exame clínico. O IML não atendeu a reportagem para explicar como ele é feito.
Um pesquisador da USP que pediu anonimato diz que esse exame verifica se a pessoa consegue expressar uma ideia coerente ou se fala de forma arrastada, por exemplo.
"Nós, como médicos, temos condições de dizer se a pessoa tem sua capacidade psicomotora alterada ou não", afirma Roberto Douglas Moreira, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
Mas o teste clínico não é infalível, diz Sandra. Dirigir sob efeito da maconha é arriscado porque a percepção de tempo fica alterada, afirma, mas isso é "subjetivo e é difícil determinar em um exame clínico".
Outra questão é o tempo de ação da maconha. Para Sandra e Malbergier, o efeito dura poucas horas, mas o resquício no sangue ou saliva continuará por mais tempo.
Para ambos, a combinação de teste de saliva e exame clínico é a mais eficaz e é a mesma usada em outros países.
Fonte: FOLHA.COM