Cidades

Terapia promete pele jovem com injeções de sangue

Usado por celebridades como Kim Kardashian, o procedimento – chamado pelos médicos de terapia PRP (Plasma Rico em Plaquetas) – consiste em retirar o sangue do paciente, centrifugá-lo, extrair o plasma e injetar este plasma de volta no rosto do cliente. Daí a associação com os amigos do conde Drácula.

Pode parecer estranho, mas o uso do PRP para curar e reparar problemas é, atualmente, uma área de muito destaque em pesquisas científicas, embora sua utilização em tratamentos estéticos ainda seja recente.

Janet Hadfield, diretora de uma companhia britânica chamada Biotherapy Services, que pesquisa o PRP, afirma que a terapia tem sido usado há anos na cura de ferimentos e para tratamento de lesões esportivas.

Entre os atletas fãs do PRP estariam o golfista Tiger Woods e o tenista Rafael Nadal.

Mas, se a terapia já tem um uso recorrente na Medicina, a BBC resolveu convocar um especialista em experimentos com seu próprio sangue para testar sua aplicação estética. A cobaia escolhida foi o médico e apresentador Michael Mosley que, entre outra experiências, já produziu (e comeu) uma espécie de chouriço feito com o fluido de suas veias.

Além disso, o apresentador da BBC também já investigou os vários usos de sangue em pesquisas médicas, os mitos ligados a vampiros e o uso do sangue em tratamentos antigos. Ou seja, ele estava em território conhecido.

'Bumbum de bebê'
Quando Mosley perguntou a Janet Hadfield que mudanças poderia esperar depois do tratamento estético com PRP, a resposta foi quase uma promessa de juventude.

"Depois de algumas semanas você poderá sentir a diferença na tonicidade e textura da sua pele. Esperamos que vai ficar mais parecido com um bumbum de bebê", disse.

O apresentador da BBC se submeteu ao tratamento e notou algumas mudanças sutis semanas depois, como prometido.

"Mas é caro e a melhora não foi notável o bastante para me convencer a fazer de novo", disse Mosley.

Ainda não se sabe exatamente como o PRP funciona, mas um estudo publicado há alguns anos na revista especializada Journal of Plastic and Reconstructive Surgery descobriu que extrair o plasma do sangue por centrifugação leva à liberação de níveis significativos de fatores ligados ao crescimento, que podem promover a cura de feridas e o o aumento do colágeno, o que poderia contribuir para os efeitos estéticos.

História e literatura
Mas usar sangue em busca de rejuvenescimento está longe de ser algo novo.
O livro Drácula, do escritor Bram Stoker, publicado em 1897, conta a história de um vampiro que, ao se alimentar de sangue humano, se transforma de um velhinho com cabelos brancos em um jovem atlético.

A obra de Stoker – e muitas outras sobre vampiros – pegou inspiração em séculos de mitologia que cercam o sangue e seus supostos poderes de cura.

Nos tempos do Império Romano, pessoas doentes, principalmente epiléticos, eram estimulados a assistir combates de gladiadores na esperança de que eles poderiam se curar ao beber o sangue dos lutadores mortos.

Séculos depois, práticas médicas se concentraram mais na retirada do que no consumo de sangue, mas a crença no poder do sangue para o rejuvenescimento continuou.

Uma condessa húngara do século 16, Elizabeth Báthory, teria se banhado no sangue de 650 virgens assassinadas na esperança de que o sangue fresco iria ajudá-la a se manter jovem.

Chouriço e memória
Apesar de tudo isto parecer absurdo nos dias de hoje, Michael Mosley lembra que transfusões de sangue salvam vidas há décadas e o próprio sangue é extremamente nutritivo.

"Para demonstrar, decidi fazer uma linguiça com meu próprio sangue e, depois, comê-lo. Rico em ferro, proteína e vitamina C, o sangue também tem muitas calorias. Na verdade, quase duas vezes mais calorias por mililitro do que, por exemplo, cerveja", disse.

"Mas, as lendas afirmam que sangue fresco pode fazer muito mais do que simplesmente nos nutrir, ele tem um poder transformador. E a ciência moderna, pelo menos quando se trata de transfusões, parece dar uma base para isto."

Há alguns meses, Mosley conheceu Saul Villeda, biólogo da Universidade da Califórnia que pesquisa sobre o que acontece ao injetar sangue de camundongos jovens em camundongos velhos. E isto não está sendo feito apenas para trocar o sangue dos idosos, mas para transformá-lo.
Depois de uma injeção de sangue jovem, os camundongos velhos foram bem melhor em testes de memória, como encontrar o caminho de volta para o ninho.

Os efeitos se destacam ainda mais quando são examinados os neurônios dos camundongos. Em camundongos velhos, como nos humanos, neurônios acabam envelhecendo com o tempo.

Mas, uma vez que as células do cérebro de um camundongo idoso recebem o sangue jovem, elas começam a criar novas conexões com outros neurônios e ficam mais parecidas com as de camundongos jovens.

Villeda acredita que algo no sangue dos jovens desencadeia um aumento na atividade de células-tronco de camundongos velhos, células que dão origem a novos neurônios.

Alzheimer
Apesar de a maioria dos estudos ter sido feita apenas em roedores, a Universidade de Stanford já começou a fazer testes em pacientes com os primeiros sinais de Alzheimer.

Eles estão recebendo sangue de jovens voluntários.
Quando Mosley pergunta se Villeda acredita que idosos que estão perdendo a memória poderão, no futuro, receber transfusões regulares de jovens voluntários, a resposta é esperançosa.

"Espero que possamos identificar os fatores de juventude no sangue, (fatores) que queremos aumentar, e os fatores de envelhecimento que temos que diminuir. E acho que será uma forma muito melhor (de tratamento), muito mais controlada", afirmou.

Fonte: BBC BRASIL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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