Três pessoas morreram durante o temporal que atingiu o Rio na madrugada desta quinta-feira (15). Um homem e uma mulher estava em casa e foram atingidos por um deslizamento de terra em Quintino. Em Realengo, um policial militar ia para o trabalho de carro quando uma árvore caiu sobre o veículo e o matou.
A chuva causou interdições, alagamentos e derrubou um trecho da ciclovia Tim Maia, na Zona Oeste. A prefeitura recomenda à população que evite circular na cidade pela manhã. Segundo a estação do Alerta Rio na Barra, em uma hora choveu o esperado para todo o mês de fevereiro.
Foram cinco horas em estágio de crise devido à chuva forte, que teve vento e raios. Às 5h30, a cidade retornou ao estado de atenção, mas várias vias seguiram interditadas e serviços ficaram suspensos, como trens e o BRT.
O estágio de crise é o pior de três estágios, com previsão de chuva forte a muito forte – desde 12 de março de 2016 o Rio não entrava em estágio de crise. Quando a cidade entra nessa situação, equipes emergenciais da prefeitura atuam contra transtornos generalizados, alagamentos e deslizamentos. O estágio de atenção é o segundo estágio, com previsão de chuva moderada a muito forte.
Vítimas
O homem e a mulher que morreram em Quintino foram identificados como Marcos Garcia, de 59 anos, e Judina Magalhães, de 62.
O policial militar ainda não foi identificado. Ele era lotado no batalhão do Méier e trafegava na Avenida Brasil quando tentou fugir do trânsito. Ao pegar um atalho na rua Recife, acabou sendo morto com a queda da árvore.
Quem precisou sair de casa tem encontrando problemas nos transportes públicos e nas principais vias da cidade. A circulação do ramal Santa Cruz da Supervia está suspensa.
O BRT tem serviço irregular. Já o Metrô, segundo a concessionária, funciona normalmente, assim como os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim.
De acordo com o Alerta Rio, não há mais previsão de temporal para esta quinta-feira. Mas chuvas de moderada a forte podem voltar a ocorrer.
Estragos do temporal
Barra, Realengo e outros pontos da Zona Oeste estão sem luz desde a madrugada. A Light informou que houve muitas ocorrências de árvores que caíram sobre a rede elétrica, o que prejudica o fornecimento de energia.
Quatro hospitais foram afetados. O Hospital Lourenço Jorge, na Barra, também ficou sem luz e a unidade alagou. No Hospital Getúlio Vargas, usaram rodos para tirar a água dos corredores. No Hospital Jesus, havia goteiras e parte do teto no chão. No Carlos Chagas, havia uma cascata vindo do teto, como mostrou o RJTV.
Ao menos 50 famílias ficaram desalojadas no conjunto de favelas do Alemão. Um rio que corta a Favelinha do Skoll transbordou, alagando e destruindo casas. Na Lapa, a Avenida Gomes Freire foi interditada devido à queda de uma árvore na via, que atingiu um táxi. O veículo ficou destruído.
A tempestade ocorreu desde o início da madrugada, principalmente na Zona Oeste da cidade. Em Guaratiba, Jacarepaguá e na Cidade de Deus, o registro foi de chuva forte. Há relatos de ruas inundadas no Engenho Novo, Encantado e Maracanã, onde um carro chegou a ser arrastado.
Na Barra, em apenas uma hora, a estação do Alerta Rio registrou 119% da chuva esperada para todo o mês de fevereiro — entre 23h45 e 0h45, foram 123,2mm. Em uma casa de shows do bairro, que tinha Thiaguinho como uma das atrações, o toldo da festa caiu e pessoas ficaram feridas
Em Jacarepaguá, das 17h de quarta (14) às 2h de quinta (15), choveu quase 150% da média de chuva esperada para todo o mês de fevereiro.
"Os dois principais tipos de ocorrência que enfrentamos na madrugada inteira foram bolsões d'água e ocorrências de árvores que caíram. Tivemos uma fatalidade associada à chuva impensável, que só vai se repetir daqui a 150 anos, com ventos de 123 km/h", afirmou o secretário da Casa Civil, Paulo Messina.
"Na madrugada, tivemos 200 homens da Comlurb trabalhando com a retirada, agora já temos 2 mil homens. Conseguimos rapidamente recuperar a Grajaú-Jacarepaguá e a Linha Vermelha. A prioridade são as vias expressas", diz.
Principais vias afetadas
Grajaú-Jacarepaguá: interditada na altura do KM 5,4, ambos os sentidos.
Rua Albérico Diniz, em Jardim Sulacap: interditada.
Curva Chico Anysio, Barra da Tijuca: parcialmente interditada
Av. Gomes Freire, altura do nº 380, na Lapa: interditada
Av. Brasil, altura de Benfica, Caju e de Manguinhos: parcialmente interditada
Estrada dos Bandeirantes, altura da Merck, na Taquara: parcialmente interditada
Av. Ayrton Senna, altura do Makro, na Barra, sentido Linha Amarela: parcialmente interditada
Aeroportos
De acordo com o boletim da concessionário RioGaleão, o aeroporto Tom Jobim teve cinco voos desviados. Às 6h, pousos e decolagens ocorriam no visual. O Santos Dumont, desde aquele horário, funciona normalmente.
PF suspende emissão de passaporte no Galeão
Por causa da chuva, a Polícia Federal (PF) suspendeu a emissão de passaporte agendada para esta quinta-feira no posto do Galeão. Os registros de estrangeiros também não serão feitos.
A PF pede que as pessoas que tinham agendamento marcado nesta quinta não se desloquem até o aeroporto e afirma que o serviço já está sendo automaticamente reagendado – o atendimento será feito assim que o serviço seja restabelecido no local.
A nova data marcada estará disponível para o usuário no site www.dpf.gov.br. O atendimento nos demais postos ocorre normalmente.
Metrô
Segundo a concessionária, 41 estações das linhas 1, 2 e 4 operam normalmente.
BRT
Na Transcarioca, que liga a Barra ao aeroporto Tom Jobim, há alagamentos ao longo da Avenida Nelson Cardoso, e o serviço está irregular. A Prefeitura pede que os motoristas evitem essa via. Desde a madrugada, a operação é irregular. Os serviços que ligam Santa Cruz e Campo Grande chegaram a ser interrompidos. Ainda não há previsão para normalizar os serviços.
Trem
Devido à queda de um dirigível na linha do trem, o ramal Santa Cruz está fechado. Ramal Belford Roxo tem circulação apenas entre Pavuna e Belford Roxo. No Saracuruna e extensões Vila Inhomirim e Guapimirim, a circulação está interrompida. No Ramal Deodoro, não há parada nas estações Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, Piedade e Quintino.
Sirenes
O Sistema de Alerta e Alarme Comunitário da Prefeitura do Rio foi acionado, de forma preventiva, em 76 comunidades das regiões de Jacarepaguá, Grande Tijuca e da Zona Norte.
Os moradores foram orientados por agentes comunitários e da Defesa Civil Municipal a se dirigirem aos pontos de apoio.