Um dos motivos levou o Tribunal Regional Federal da 1ª Região a investigar o magistrado, inclusive com invasões a sua residência e a seu gabinete na 1ª Vara da Justiça Federal, em Cuiabá, por suposto favorecimento em decisões judiciais a um grupo de empresários. Um dos casos se refere à empresa Encomind Engenharia Com. e Indústria Ltda.
Interceptações telefônicas teriam revelado a ligação entre o juiz Julier Sebastião, o advogado Tiago Dorileo e outros advogados e empresários ligados à Encomind, que tinha altas dívidas tributárias e buscava de várias formas solucionar os problemas e cujas ações tramitavam na Vara do magistrado.
Julier se defende da acusação alegando que tomou apenas decisões corriqueiras em relação ao caso, tanto que a assessoria jurídica da Encomind, ao invés de comemorar, entrou com recurso contra sua decisão. Ele explica que concedeu apenas uma decisão parcial em favor da Encomind, em 2012, determinando a revisão do parcelamento de débitos consolidados, excluindo os créditos alcançados pela decadência e também referentes à cobrança de honorários advocatícios, o que levou o juiz federal José Pires da Cunha a remeter as investigações para o TRF-1, por envolver um magistrado federal.
Numa conversa telefônica gravada pela Polícia Federal, a advogada da Encomind Juliana Borges Lima inclusive diz que a decisão de Julier Sebastião não resolveu em nada o problema financeiro da empresa. Na conversa com o proprietário da Encomind, Rodolfo Campos, a advogada diz: “… feliz da vida porque tinha ganho o negócio lá na Justiça com o Julier; aí eu olhei e falei: Rodolfo, isso aqui tá parcial, o que eu queria acionar por Brasília contra Julier é porque ele não dá a certidão pra você; olha aqui, tá escrito parcialmente; aceita parcialmente… Isso aqui não vai beneficiar de nada, é a mesma coisa, a mesma sentença do, que nós recebemos em setembro…”. A conversa está nos autos do processo.
As investigações tiveram início com foco nas empresas Globo Fomento Mercantil Ltda. e Comercial Amazônia Petróleo. A suspeita é de que elas estariam realizando atividades privadas de instituição financeira sem autorização do Banco Central do Brasil e também ajudando criminosos a ocultar e dissimular a natureza de recurso provenientes de atividades ilícitas.
Por conta dos supostos crimes, em agosto de 2011, foi deferida a interceptação telefônica de várias pessoas envolvidas no suposto esquema, dentre elas o advogado Tiago Vieira de Souza Dorileo, que, segundo a Polícia Federal, tem grande influência entre pessoas públicas e exerceria a função de lobista.
Ele é neto do desembargador falecido Ernani Vieira de Souza e é também acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de participar do suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça.