O Brasil tem poucas mulheres eleitas para cargos políticos, desde as câmaras dos vereadores até o Senado Federal. Em Cuiabá, por exemplo, não se tem nenhuma vereadora. Para deputados estaduais de Mato Grosso, dos 24 eleitos, apenas uma é mulher. Para os deputados federais temos 513 cargos, mas apenas 77 mulheres pertencem a bancada feminina. Dos 81 senadores do país, 12 são mulheres.
Para a população feminina do Brasil, ter mais mulheres as representando no legislativo pode significar um reconhecimento em causas que as afetam. Independente do direcionamento político, mulheres, geralmente, tem lutas em comum.
Pensando na discussão sobre o “Protagonismo Feminino na Política”, o Festival Tudo Sobre Mulheres convidou a ex-deputada federal Manuela d’Ávila, e as deputadas federais Rosa Neide e Benedita da Silva, à Cuiabá.
“Falar sobre as mulheres é em primeiríssimo lugar saber que nós não somos todas iguais. Temos que saber que nós temos diferenças e que temos causas que nos unem”, declara Manuela d’Ávila, no evento.
A ex-deputada defende que ter mulheres, negros, LGTQI, indígenas, entre outros, incluídos na política, não é uma causa da esquerda, mas sim uma causa de quem defende a democracia como sistema político. “A democracia busca representar a população. Se as pessoas não estão representadas, é uma democracia capenga”, declara.
As convidadas relembram em como mulheres, no decorrer da história, sempre foram objetificadas e tiveram suas escolhas e desejos apagados. Hoje, quando se fala no sexo feminino, elas lembram da importância do Sistema Único de Saúde, do acesso a escola pública, do racismo nas relações de trabalho, das mulheres com filhos e sem emprego ou creches, além da luta pelos salários iguais.
Em suas falas, as convidadas relatam situações de machismos que enfrentaram em suas carreiras e relembram que apesar de ainda serem poucas, o número de mulheres eleitas já aumentou e isso é uma conquista.
“É óbvio que mais mulheres na política é muito importante, e mulheres com várias ideias. Vai ter mulher de direita, a gente não é igual. Nós também pensamos diferente. Precisamos de mulheres que saibam que a luta deve ser por todas as mulheres”, declara Manuela d’Ávila.
“Não deixem que digam que nós mulheres não temos condições de representar o nosso povo. Eu faço coro: Eu luto pelas mulheres e discuto ideologicamente com aquelas que vão para a direita, mas quando eu luto pelas mulheres, eu luto pelas mulheres”, afirma Benedita da Silva.