Depois de muitas idas e vindas, o Ministério da Justiça pode acabar nas mãos do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que presidiu a Comissão de Constituição e Justiça no biênio anterior. Foi também o relator da CPI do Mensalão. Seguem como possibilidades mais remotas os ex-ministros do Supremo Ellen Gracie e Ayres Britto.
Ele tem perfil para o cargo? Tem. É advogado e professor de direito. Conhece o ordenamento jurídico brasileiro. Há áreas do Ministério da Justiça que comportam um tanto de articulação política. E sempre faz falta um ministro que tenha trânsito entre os parlamentares. A solução também é do agrado do PMDB da Câmara, é claro. Afinal, trata-se de um dos seus.
Caso Temer confirme o nome de Serraglio, haverá um bochicho aqui e ali: “Ah, é da turma de Eduardo Cunha”. Levantou-se a suspeita de que, na CCJ, tentou proteger o ex-deputado. O que veio a público não passava de ilação. É um parlamentar respeitado. Não é uma má solução. “Oh, por que não chama um jurista apenas, sem filiação?…” Bem, meus caros, é bom não confundir Ministério da Justiça, órgão do Executivo, com o Poder Judiciário. Nessa função, é mais importante ser político do que ser jurista. No STF, obviamente, é contrário.
Mariz
Se o presidente não mudar de ideia, o criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, seu amigo pessoal, assume a Secretaria Nacional de Segurança Pública. É uma boa solução? Saberemos pela prática: em princípio, pode dar certo. Mariz já presidiu a OAB-SP duas vezes, foi membro do Conselho Penitenciário e secretário de Segurança de São Paulo entre 1990 e 1991, no governo Quércia.
Temer chegou a pensar em seu nome para o Ministério da Justiça duas vezes: já que assumiu a Presidência, ainda como interino, e recentemente, com a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo. Nas duas, houve uma Lava Jato no meio do caminho. Em artigo, Mariz fez críticas ao encaminhamento das delações premiadas e à condução da Lava Jato.
Bastou para que pesasse sobre ele a suspeita de que, se na Justiça, tentaria controlar a Polícia Federal. Não haveria como. Mas, nestes dias, isso pouco importa.
Se Temer realmente o escolher, Mariz ficará restrito à área de segurança pública, sem nenhuma interferência, ainda que indireta, na Lava Jato.
Vamos ver.
Fonte: Veja