Além de discutir estratégias para barrar a segunda denúncia na Câmara, o presidente Michel Temer tem se dedicado a articulações para retaliar Rodrigo Janot na CPI da JBS.
Deputados da base aliada relataram que Temer tem incentivado, nos bastidores, parlamentares a aprovar requerimentos na CPI para constranger Janot, autor das duas denúncias contra o presidente.
Nas palavras de um parlamentar, Temer quer transformar a denúncia em uma "briga Temer x Janot", e espera, com isso, despertar o espírito de corpo dos parlamentares para retaliarem Janot. "Ele está com ideia fixa contra Janot", disse à reportagem um deputado da base aliada.
Isso porque o Planalto quer emplacar o discurso de que Janot "perseguiu" não só o presidente, mas os parlamentares investigados na Lava Jato ao apresentar denúncias e pedir abertura de inquéritos.
Na última quinta-feira, assim que a nova denúncia de Janot foi apresentada, Temer chamou ao Planalto o relator da CPI da JBS, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Na sexta-feira (15), Temer se reuniu com o advogado Antônio Claudio Mariz, que faz a defesa do presidente no caso JBS.
A ideia do Planalto é afinar uma estratégia entre Marun e advogados do presidente para instrumentalizar a CPI contra o ex-procurador-geral da República.
De acordo com a assessoria da Presidência, Temer "não conversou com integrantes da CPI da JBS para desgastar ou atingir quem quer que seja e não interferiu nem interferirá nos andamentos da investigação do Congresso". Segundo o Planalto, "esse assunto é do parlamento, e o governo não pretende se envolver".
A estratégia do Planalto esbarra na resistência de alguns aliados – como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Reservadamente, Maia, quando questionado sobre o assunto, lembra que foi contra a criação de uma CPI exclusiva na Câmara, exatamente por temer que fosse instrumentalizada para atingir Janot.
A CPI, então, foi instalada de forma mista, ou seja, com deputados e senadores.