Política

Temer diz que não pensa em renúncia

Foto Dida Sampaio/ Estadão

BRASÍLIA – O presidente Michel Temer disse na manhã desta quinta-feira, 22, que não cogita renunciar ao cargo e que vai recorrer caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determine a cassação da chapa Dilma-Temer. No próximo ano, o tribunal vai julgar a ação que analisa se houve abuso de poder econômico na eleição de 2014.

“Não tenho pensando em renúncia”, afirmou o presidente em café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada. Ele não descartou recorrer caso a decisão seja pela cassação da chapa. E em seguida completou: “Serei obediente à decisão definitiva do Judiciário”.

Sobre a Operação Lava Jato, ele voltou a criticar vazamentos de delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Temer foi citado pelo ex-executivo Cláudio Melo Filho acusado de ter pedido dinheiro para a campanha do PMDB.

“Vazamento de delações cria clima de instabilidade”, afirmou Temer. “Não pode soltar uma delação por semana. Não dá para esperar 77 semanas para que todas as delações sejam trazidas à luz”, disse.

Na semana passada, Temer mandou carta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo “celeridade” no caso.

Caixa 2. A chapa Dilma-Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato revelada pelo Estado. Em pelo menos um depoimento, a empreiteira admite repasse ilegal de R$ 30 milhões na disputa eleitoral de 2014. Os relatos, já documentados por escrito e gravados em vídeo, foram feitos na semana passada durante os depoimentos de executivos ao Ministério Público Federal. O advogado Gustavo Guedes, que defende Temer no processo do TSE, disse que “desconhece absolutamente o assunto”.

Além dos relatos das delações da Odebrecht, o Ministério Público Eleitoral (MPE) afirma ter encontrado “fortes traços de fraude e desvio de recursos” ao analisar as informações colhidas com a quebra do sigilo bancário das gráficas Red Seg Gráfica, Focal e Gráfica VTPB, contratadas pela chapa nas eleições de 2014. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, relativizou, porém, a gravidade da prática ilítica.

A ação contra a chapa Dilma-Temer foi proposta logo após as eleições de 2014 pelo PSDB com o argumento de que teria havido abuso de poder econômico. À época, já havia acusação de uso de recursos desviados da Petrobrás, alvo de investigação da Operação Lava Jato. A defesa da ex-presidente nega irregularidades. A defesa do presidente argumenta que as contas de campanha de Dilma e Temer eram independentes.

Fonte: Estadão

Redação

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