Presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), Sérgio Ricardo, determinou a abertura de uma auditoria rigorosa nos sistemas de radares eletrônicos instalados em Cuiabá e Várzea Grande. A medida surge em resposta a uma crescente insatisfação popular, que enxerga nos equipamentos uma suposta “indústria de multas”, mais preocupada em arrecadar do que em educar o trânsito.
O conselheiro anunciou que a investigação vai abranger desde o volume de penalidades aplicadas até o destino dos recursos arrecadados. “A legislação é clara ao determinar que esses valores devem retornar à população, em forma de educação no trânsito e melhorias viárias. Vamos apurar se isso está sendo feito”, afirmou Ricardo. Segundo ele, caso sejam encontradas irregularidades, não está descartada a recomendação de desligamento dos radares e até a devolução dos valores pagos pelos motoristas.
A auditoria será realizada por técnicos do próprio TCE-MT, que também deverão convocar as empresas responsáveis pelos equipamentos. Além disso, será solicitado ao Inmetro um relatório sobre a última aferição dos radares, essencial para garantir que estejam operando dentro dos parâmetros legais.
A desconfiança da população é refletida em depoimentos de cidadãos. O advogado André Stumf critica a atual função dos radares, que, segundo ele, não cumpre o papel educativo. Já o fisioterapeuta Rodolfo Coelho ressalta a ausência de melhorias visíveis em contrapartida às multas constantes. “A gente só paga e não vê retorno”, desabafa. O também advogado Paulo Ricardo Fortunato denuncia o desrespeito ao direito de defesa, com multas sendo aplicadas sem notificação adequada.
Coincidentemente, a Prefeitura de Várzea Grande iniciou nesta segunda-feira (12) a retirada de 20 radares em dez pontos do município, com prazo de conclusão de 30 dias. A ação reforça a pertinência da investigação, que poderá mudar a forma como o controle de trânsito é conduzido nas duas maiores cidades da região metropolitana de Cuiabá.