De longo, longo tempo vem a prática da tatuagem. A arqueologia comprovou sua existência em múmias do Egito entre 4000 a 2000 a.C. Em 1770, o navegador inglês James Cook registrou o costume da tatuagem em Nova Zelândia. No século seguinte, o naturalista e cientista britânico Charles Darwin trouxe informações sobre o costume da tatuagem entre os aborígines de Nova Zelândia ao Polo Norte.
A tatuagem tem sentidos distintos. Em Roma, entre os anos 509 a 27 a.C., era obrigatória para prisioneiros e escravos, para que não fossem “confundidos com súditos mais bem afortunados”. A Igreja Católica, sob as ordens do papa Adriano I, em 787, proibiu a prática por entender “ser coisa do demônio”. Na Segunda Guerra Mundial, a tatugem de números foi inscrita nos corpos de prisioneiros nos campos de concentração.
No Brasil, em que corpos estão as tatuagens? Em 2014, a Superinteressante realizou o primeiro censo para descobrir o “Espelho da Tatuagem no Brasil”. Dos 80 mil tatuados entrevistados, 59,9% são mulheres; 48,2% têm entre 19 e 25 anos; 43,5% possuem nível superior completo e incompleto; 37% recebem salário até R$ 3.000,00; 31% não têm religião. Em relação à cor da pele, 73,9% dos tatuados são brancos; 19,6% pardos; 3,7% negros; 2% amarelos e 0,8% indígenas.
A tatuagem é encontrada entre alguns povos indígenas. O Kadiwéu, por exemplo, habitante do Mato Grosso do Sul, na fronteira Brasil-Paraguai, encantou exploradores e pesquisadores, como o italiano Guido Boggiani, em 1892 e 1897, o etnólogo Claude Lévi-Strauss, em 1935, e Darcy Ribeiro, em 1948, que estudou estilos de desenhos e padrões de pintura Kadiwéu. À época, afirmou ser “a mais elaborada manifestação artística dos índios americanos”.
O hábito da tatuagem, uma intervenção na pigmentação da pele, percorre a linha do tempo e amplia a temática e a motivação de seus cultuadores. Influência, modismo, ideologia, crença ou identidade, sem dúvida, uma expressão visual que decora e transmite mensagens.