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Tarifas colocam Fed em posição ‘desafiadora’, afirma dirigente do BC dos EUA

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que as tarifas colocam o BC dos Estados Unidos em uma posição “desafiadora”, citando a dificuldade em estimar seus efeitos sobre a economia. “Terei mais confiança para falar sobre os efeitos e se eles serão apenas temporários, caso os acordos comerciais sejam finalizados rapidamente”, disse, em entrevista à CNBC nesta sexta-feira, 11.

Kashkari argumentou que, por este motivo, não está confortável com a teoria de que as tarifas terão apenas um grande impacto inicial na inflação, antes de desaparecer gradualmente.

Na visão dele, quanto mais tempo as negociações levarem, mais incerta fica a extensão dos efeitos e maior o risco de desancorar as expectativas de inflação de longo prazo.

“Se não tivéssemos passado por quatro anos de inflação elevada e bem acima da meta, eu não teria este receio”, afirmou o dirigente. “Temos que tomar cuidado em nossas decisões e terminar nosso trabalho, mostrar que não há enfraquecimento em nosso compromisso.”

Kashkari não vota nas decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, em inglês) neste ano, mas terá assento nas reuniões de 2026.

Ferramentas para ação em relação à liquidez dos mercados

O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou nesta sexta-feira, 11, que existem ferramentas para aumentar a liquidez nos mercados dos EUA, ressaltando que o BC do país pode acionar esses instrumentos caso necessário. Kashkari disse que está monitorando de perto os movimentos de todos os mercados, especialmente os de ações e de títulos, mas que ainda não observou grandes deslocamentos ou risco sistêmico no crédito privado até o momento.

O dirigente frisou que é impossível para o banco central prever “onde os juros dos Treasuries vão parar”, mudar a direção da economia ou interferir diretamente nas tarifas e seus efeitos.

“As políticas do governo dizem respeito somente a ele”, esclareceu Kashkari. “Nós podemos apenas mitigar o processo de transição da economia para controlar a inflação e manter o mercado de trabalho forte.”

Dentre medidas de mitigação, Kashkari apontou a possibilidade de atuar para elevar prêmios de prazo, caso a liquidação dos títulos americanos continue acelerada. Contudo, para ele, os Treasuries não refletem apenas efeitos de tarifas e temores de uma guerra comercial, mas também perspectivas para a situação fiscal dos EUA sob a gestão Trump. “Nosso déficit elevado tornou a América um bom lugar para investir para investidores de todo o mundo. Se o déficit cai, deixa de se tornar atrativo”, apontou, acrescentando que essa “mudança de preferência” global também pesa sobre o dólar.

O dirigente comentou ainda sobre a leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) em março, divulgada na quinta-feira. Kashkari classificou o dado como “boa notícia”, mas observou que há sinais de que a inflação deve acelerar novamente nos próximos meses como resultado das tarifas. “É importante garantir que as expectativas de inflação não subam no longo prazo”, pontuou.

Estadão Conteudo

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