Em 1982, as primeiras pesquisas do projeto apontavam o nascimento de apenas dois mil filhotes. “A maior longevidade permitiu que esses filhotes, que começamos a proteger nos anos 80, ficassem adultos e voltassem a povoar as praias brasileiras. Agora chegamos a um total de 20 milhões de filhotes protegidos”, explica o fundador e coordenador nacional do projeto, Guy Marcovaldi. O Tamar tem o patrocínio da Petrobras desde 1983, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e é coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em cooperação com a Fundação Pró-Tamar.
Essa tendência de aumento na quantidade de fêmeas nas praias tem sido notada, em especial, a partir de 2005. Entre os fatores que contribuíram para o aumento no tempo de vida das espécies oliva, cabeçuda, de dente, de couro e verde, está a maior conscientização da população e dos próprios pescadores e suas famílias. Entre eles estão as 1.300 pessoas que participam diretamente do Tamar. “Os pescadores, que antes usavam a tartaruga como alimento, passaram a protegê-la e usá-la como fonte de renda, trabalhando em nossas bases e centros de informação”, diz Marcovaldi.
O Tamar tem buscado restaurar o ciclo de reprodução das tartarugas, proteger as desovas, e promover a sobrevivência e a recuperação das populações que ocorrem no Brasil, mantendo-as capazes de cumprir suas funções ecológicas. O gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, Armando Tripodi, aprova os resultados. “Temos apoiado iniciativas que têm como objetivo promover a proteção e recuperação de espécies e habitats. Essa é justamente a missão do Tamar, que, além disso, desenvolve alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades costeiras”, elogia Tripodi.
Temporada de reprodução das tartarugas marinhas 2013-2014
O número de ninhos para todas as espécies de tartarugas marinhas no país tem aumentado. Na última (33ª) temporada reprodutiva monitorada pelo Tamar (2013-14), foram protegidos 2.554 ninhos de tartarugas de Pente (Eretmochelys imbricata), 9.207 de Cabeçuda (Caretta caretta), 8.506 de Oliva (Lepidochelys olivacea), 4.930 de Verdes (Chelonia mydas) e 99 de de Couro (Dermochelys coriacea), num total de 25.296 ninhos.
Ameaça de extinção
As cinco espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil continuam ameaçadas de extinção, segundo critérios da lista brasileira e mundial de espécies ameaçadas. Das cinco, quatro desovam no litoral – e, por estarem mais expostas, são as mais ameaçadas: cabeçuda, de pente, oliva e de couro. De cada mil filhotes que nascem, só um ou dois conseguem atingir a maturidade. Os obstáculos que enfrentam para sobreviver são diversos. Além dos predadores naturais, as ações do homem estão entre as principais ameaças às tartarugas marinhas. Destacam-se o aquecimento global; a destruição do habitat para desova, devido à ocupação desordenada do litoral; a poluição dos oceanos; e a pesca incidental, com redes de espera, e em alto mar, com anzóis e redes.
Números:
– Anualmente, o Tamar protege e monitora cerca de 18 mil desovas em mais de mil quilômetros do litoral, com 900 mil filhotes liberados ao mar.
– O Tamar ultrapassou a marca de 2 milhões de filhotes protegidos no final de 2014.
– O projeto possui 20 bases de pesquisa e 11 centros de visitantes em nove estados brasileiros.
– O Tamar conta com 1.300 pessoas em suas atividades. Em 1980, no início, eram apenas quatro.
Da Assessoria