Os Tainos, nativos do Haiti, não estão mais no Haiti. Por um bom tempo Colombo nomeou a ilha de Hispaniola. Em 1492, os reis espanhóis financiaram o navegador genovês na busca do caminho às Índias. Colombo deu ao reino espanhol o poder que nenhum outro reino europeu conheceu: metais preciosos, terras e povos escravizados. Mas, a bravura que vestiu os índios durante o domínio espanhol pode ser uma veste aos tempos que depois chegaram: o Haiti que passou a ser dos negros dos reis de Castela, dos negros da África, dos negros do Haiti.
Sob o domínio da Espanha, faminta por metais preciosos, não demorou para que os Tainos fossem dizimados por suas doenças infecto-contagiosas, maus tratos e assassinatos. Para substituir a mão-de-obra indígena, os colonizadores trajando armaduras de metal trouxeram negros que já estavam na Espanha. Aliás, já integravam a tripulação de Colombo em sua primeira viagem ao “Novo Mundo”, quando imaginou ter chegado às Índias. E a ilha ganhou uma nova paisagem cultural: Tainos e negros se encontraram. Ambos na condição de escravos, na mira do olhar etnocêntrico da Europa.
Dez anos depois da chegada de Santa Maria, Pinta e Nina, entre os anos de 1502 e 1518, centenas de africanos, nominados por “ladinos”, foram levados à Hispaniola e demais ilhas vizinhas para trabalhar nas minas em regime de escravidão, junto aos indígenas.
O Haiti não é mais dos Tainos. Eles não conseguiram sobreviver à insana ira espanhola. A paisagem do Haiti é composta por descendentes de africanos que passaram a ser dominantes em muitas das nações do Caribe. Felizmente, ao contrário dos indígenas, ainda que transformados em escravos, conseguiram sobreviver às agruras da escravidão, ao domínio francês, aos governos ditatoriais, ao imperialismo estadunidense. Ao terremoto…
O 18 de maio é o Dia da Bandeira do Haiti. Símbolo de libertação do domínio francês. Com uma paisagem cultural em transformação, Cuiabá traz uma vasta programação para comemorar data tão importante para os haitianos em Mato Grosso.