Em 1492, Cristóvão Colombo estava em terras de domínio dos povos indígenas, dentre eles, os Tainos, que se organizavam em unidades administrativas: os cacicados. Após os primeiros contatos amistosos com os povos autóctones, em nome de Izabel e Fernando, o genovês que colocou um ovo de pé sobre a mesa, se fez senhor daquelas terras. Durou pouco a cordialidade entre os índios e espanhóis. Um século depois, praticamente os povos indígenas do Caribe, como se chama hoje a região, foram levados ao extermínio pela varíola e sarampo, violência e trabalhos forçados da ação colonizadora, principalmente em busca de metais preciosos.
Líderes indígenas do tronco linguístico Aruaque se rebelaram contra os espanhóis. Hatuey, por exemplo, partiu do Haiti para Cuba com o intuito de alertar sobre a violência, a crueldade e as armaduras de ferro dos espanhóis. A indígena Anacaona, líder Taino do Haiti, tentou negociar a paz, mas foi assassinada pelos espanhóis e por seu neto, Enriquillo, criado por religiosos espanhóis em Santo Domingo.
Bartolomé de Las Casas (1474-1566) deixou a Espanha, sua terra natal, em 1502, e partiu para a ilha Hispaniola, atualmente Haiti e República Dominicana. Fez-se senhor de terras e de indígenas. Mas, em 1510, quando a Ordem Dominicana dos Pregadores chegou à ilha Hispaniola para pregar sobre os malefícios do sistema de escravidão, Las Casas fez-se padre e anos mais tarde recebeu da realeza espanhola o título de “protetor dos índios”. Primeiro religioso a celebrar missa entre os nativos da ilha, testemunhou massacres de povos autóctones.
Bartolomé de Las Casas, agraciado com poemas de Pablo Neruda e José Marti, cruzou o Atlântico por diversas vezes para buscar leis que dessem fim às atrocidades contra os povos indígenas. Escreveu, aos noventa anos, sua última defesa em prol dos indígenas, com base no direito de propriedade pessoal. Uma figura polêmica, morreu sem ter presenciado a independência dos nativos pelo mandato de bona fide, norma jurídica romana que regia relações obrigacionais, tuteladas por juízos de boa fé.