A Polícia Civil de São Paulo anunciou ontem que os dois homens envolvidos no assassinato do ciclista Vitor Medrado, de 46 anos, estão presos. Sem nenhuma reação, ele foi baleado durante um assalto em frente ao Parque do Povo, no Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, em 13 de fevereiro. Os criminosos pegaram o celular da vítima e fugiram.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a polícia deteve ontem Jeferson de Souza Jesus, de 28 anos, conhecido como Gordo da Paraisópolis. Ele pilotava a moto no dia do crime e foi encontrado na comunidade da zona sul durante uma operação da 1ª Delegacia de Roubos e Latrocínios.
O comparsa dele, Erick Benedito Veríssimo, de 20 anos, responsável pelo tiro, foi preso em flagrante durante um roubo no Brooklin no dia 8 de março. A informação não havia sido divulgada para não atrapalhar as investigações. O Estadão não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos.
De acordo com o delegado Ronaldo Sayeg, responsável pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foi necessária uma análise minuciosa de câmeras de segurança para identificar o condutor da moto. “Notamos as características físicas dele, percebemos que era um homem mais forte. Depois, acompanhamos toda a rota realizada por essa moto, que saiu lá de perto do parque, onde o Vitor foi morto, até a comunidade de Paraisópolis.”
MAINHA
As investigações levaram inicialmente até a mulher conhecida como Mainha do Crime, que foi presa em 18 de fevereiro. Suedna Barbosa Carneiro, de 41 anos, atuaria como uma “facilitadora de crimes por motocicletas”.
A polícia havia obtido uma análise de câmeras de segurança na região do Parque do Povo. Só que, como ambos utilizavam capacete, não foi possível chegar às identidades. Daí, a importância de rastrear crimes semelhantes até Suedna. Ela seria a fornecedora dos materiais utilizados no crime. A mulher já respondia em regime aberto por receptação e comercialização ilegal de armas. E progrediu para regime aberto em 2024 por apresentar bom comportamento.
Ontem, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, após elogiar a ação da polícia no Estado de São Paulo, voltou a criticar a legislação criminal brasileira, que segundo ele “permite que bandidos condenados há 12 anos de prisão, saiam em apenas 2″, como foi o caso da Mainha do Crime”.
DETALHAMENTO
Os materiais apreendidos na casa dela ajudaram os investigadores a chegar aos nomes dos suspeitos. Veríssimo, que até então não tinha passagem pela polícia, foi preso em flagrante cometendo outro assalto a mão armada. De acordo com a SSP, Souza Jesus confessou o crime e disse, em seu depoimento, que a arma apreendida com o comparsa no flagrante, uma pistola calibre 38, foi a mesma utilizada para matar Medrado. A polícia ainda vai fazer prova balística para confirmar o fato.
O Gordo da Paraisópolis, que já tem passagem por tráfico e receptação, afirmou, ainda, que Veríssimo cometeu, com um outro comparsa, um segundo assalto no Brooklin, bairro vizinho, poucas horas depois da morte de Medrado. Isso teria sido possível graças à troca de capacete e mochila de entrega pelo suspeito, o que dificultou a sua identificação. Conforme a polícia, câmeras registraram o segundo roubo às 11h – o ciclista foi baleado às 6h. A motocicleta usada no crime foi a mesma da abordagem ao ciclista. Na casa de Suedna, a polícia encontrou várias placas de motos. Todos os itens para a prática de crimes com motocicleta, como capacete, eram alugados aos assaltantes em troca de prioridade na compra dos objetos roubados.
EM ALTA
Segundo o Radar da Criminalidade, ferramenta online do Estadão, em 2024 esse tipo na capital paulista cresceu 23,2% em relação a 2023. No final de semana, um homem foi arrastado por um carro após ter o celular roubado em Pinheiros.
