Trinta e quatro bispos chilenos colocaram seus cargos à disposição do Papa Francisco após os escândalos de abusos sexuais cometidos por religiosos no seu país, segundo porta-voz da Conferência Episcopal do Chile.
Em um comunicado lido pelo porta-voz de imprensa, os 34 bispos convocados pelo Papa no Vaticano para dar esclarecimento sobre os escândalos anunciaram que "todos" colocaram seus postos "nas mãos do Santo Padre", que é livre para decidir o futuro de cada um.
Os religiosos participaram de reuniões com o Papa para esclarecer o acobertamento de crimes de pedofilia cometidos no Chile. A credibilidade da Igreja despencou no país por causa dos escândalos.
Abuso sexual de crianças e jovens
O caso envolve os abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima em uma paróquia de Santiago. Ele teve grande influência na igreja chilena e foi responsável por formar 50 sacerdotes, cinco dos quais se tornaram bispos. Depois que vieram à tona as informações de que ele abusou sexualmente de crianças e jovens quando era o titular da paróquia El Bosque, situada em um setor poderoso de Santiago, o religioso foi condenado a uma vida de oração e penitência pela Justiça do Vaticano em 2010.
A Justiça chilena também realizou um julgamento contra Karadima e o considerou culpado, mas ele não foi condenado porque os crimes já estavam prescritos.
Entre os discípulos do padre Karadima figura Juan Barros, designado em março de 2015 bispo da cidade de Osorno, no sul do país. Barros é acusado por vítimas de ter testemunhado e ignorado os crimes do padre pedófilo.
A posição do Papa
Recentemente o Papa Francisco reconheceu "graves erros de avaliação" sobre o caso. Ele chegou a defender Juan Barros, que é acusado por vítimas de acobertar os crimes de pedofilia cometidos pelo padre Fernando Karadima, mas depois voltou atrás dizendo que havia cometido "graves erros" na condução da crise de abusos sexuais porque havia sido "mal informado".
O pontíficie afirmou também que seria duro com bispos chilenos para esclarecer acobertamentos.
Sua postura inequívoca foi deixada clara em um comunicado do Vaticano no último sábado (12), antes de uma visita de bispos chilenos convocados por Francisco para explicarem por que ele não havia sido completamente informado sobre a extensão do escândalo.
A nota dizia que o papa acreditava que havia necessidade de "examinar profundamente as causas e consequências, além dos mecanismos, que em alguns casos levaram a acobertamentos e graves omissões em relação às vítimas".