No sábado (8), Fábio havia sido indiciado pela polícia como coautor dos crimes de explosão e tentativa de homicídio qualificado. Um segundo homem, suspeito de jogar o artefato, ainda estava sendo procurado pela polícia na manhã deste domingo.
O cinegrafista foi ferido em ato contra o aumento das passagens de ônibus, quinta-feira (6), perto da Central do Brasil. Santiago foi ferido na cabeça e teve afundamento de crânio. Até as 8h50 deste domingo, Santiago seguia em coma no Hospital Municipal Souza Aguiar. O estado de saúde dele era grave.
"Nosso principal objetivo é identificar o elemento que efetivamente deflagrou o artefato que atingiu o Santiago. Nas imagens, ele [Fábio Raposo] repassa o petardo para aquele que deflagrou. O fotógrafo do jornal O Globo que presenciou [o momento] vai poder dizer se o Fábio tentou acender ou não", disse o delegado Maurício Luciano, durante coletiva no sábado. Ele afirmou, ainda, acreditar que o depoimento dado pelo tatuador na madrugada deste sábado é "inverossímil".
"Ele estava extremamente nervoso, gaguejando. Ele diz que não conhece o outro e as imagens mostram que eles tinham uma certa intimidade. Tudo que ele falou não se coaduna com as imagens", completou o delegado.
Fábio Raposo se apresentou na manhã de sábado na 16ª DP (Barra da Tijuca) e disse que segurou o artefato, mas que não o acendeu. Após ver as imagens gravadas pela TV Brasil, o delegado Fábio Pacífico, adjunto da 17ª DP e também responsável pela investigação, afirmou que a declaração de Raposo é "fantasiosa".
A Polícia Civil está analisando as imagens do Comando Militar do Leste, da CET- Rio, da Supervia, da BBC, da TV Brasil e as do próprio Santiago para tentar identificar o rapaz.
José Pedro Costa, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, também esteve na coletiva de sábado. "A gente acredita que ele [Fábio Raposo] é partícipe. Quando ele entrega o artefato, ele sabe que vai ser deflagrado, por isso ele está sendo tratado como coautor", explicou o delegado titular.
Detido outras vezes
Fábio Raposo já esteve detido duas vezes, sempre por algo ligado às manifestações, segundo a polícia. Uma delas foi registrada na 5 ª DP (Mem de Sá) no dia 7 de outubro de 2013. Na ocasião, o tatuador foi fichado pelos crimes de dano ao patrimônio público e associação criminosa.
Em uma outra ocorrência, registrada no dia 22 de novembro de 2013 na 14ª DP (Leblon), Raposo foi autuado pelo crime de ameaça.
Ligação com black blocs
Segundo o delegado, não é possível dizer ainda que os suspeitos são black blocs. “Eles não estavam com uma vestimenta característica dos black blocs. Ambos estavam de camiseta cinza. A gente está vendo nas imagens se eles já estavam caminhando juntos antes de provocarem esse crime.” O delegado contou, ainda, que Raposo diz não ter relação com nenhum grupo ideológico. “A gente não pode taxá-lo de black bloc. A gente vai fazer uma investigação em redes sociais ouvindo pessoas para ver se ele realmente integra essa organização.”
O delegado pedirá também auxílio da DRCI para saber se há a possibilidade de investigar trocas de mensagens de Raposo através do Facebook e então chegar ao autor da deflagração do explosivo que atingiu o cinegrafista.
G1