A Polícia Civil de São Paulo informou ontem que um dos suspeitos de matar Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, confessou o crime na noite de anteontem. De acordo com o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), Maicol Sales dos Santos admitiu ter assassinado a jovem e agiu sozinho.
O suspeito teve a prisão temporária (30 dias) decretada pela Justiça em 8 de março. A reportagem não conseguiu contato com a defesa. “Não há dúvidas que Maicol Sales dos Santos praticou o crime sozinho. Primeiro, já vinha perseguindo a vítima e, na sequência, o arrebatamento. E outras provas obtidas. Mas a prova cabal: ele confessou o crime na noite de segunda-feira. Fica muito claro que era obcecado pela vítima”, disse Carmo.
O delegado também confirmou que outras pessoas eram investigadas, e todas elas estavam em algum momento relacionadas com Vitória. “Todos os celulares apreendidos serão devolvidos”, afirmou. Segundo Carmo, o laudo apontou que a adolescente foi morta por golpes de faca e não há indícios de violência sexual. A jovem morreu em razão da hemorragia traumática, causada pelas facadas.
Vitória desapareceu em 27 de fevereiro e foi encontrada morta em 5 de março, a cerca de 5 km de sua casa, em Cajamar, na Grande São Paulo. Conforme o delegado, testemunhas confirmaram que Maicol estava na cena do crime no momento em que a jovem foi sequestrada. Dentro do veículo dele, uma pessoa usando um capuz do tipo balaclava foi vista. A polícia identificou a compra desse tipo de item no celular de Maicol, por meio de um site.
VÍTIMA MONITORADA
No domingo, o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou trechos de um relatório da perícia que detalha a cronologia dos últimos momentos de Vitória e reforça a hipótese de que o crime foi premeditado. Segundo os investigadores, Maicol visualizou uma postagem da jovem nas redes sociais, na qual ela aparecia no ponto de ônibus à 0h06 do dia do desaparecimento. Além disso, a perícia encontrou no celular do suspeito uma coleção de imagens de Vitória e de outras mulheres com características físicas semelhantes, como tipo de cabelo e perfil corporal. As imagens vinham sendo arquivadas desde setembro de 2024.
FOTOS NO CELULAR
Também foram encontradas fotos de facas e de um revólver armazenadas no telefone de Maicol. A polícia acredita que ele tenha usado uma dessas armas para forçar a vítima a entrar em seu carro sem reagir
Outro indício que aponta para Maicol é o fato de ele ser proprietário de um Toyota Corolla identificado na cena do crime. A perícia encontrou vestígios de sangue no porta-malas do veículo, o que reforça a suspeita contra ele.
“No veículo Corolla, tivemos a constatação de sangue no porta-malas, e tudo leva a crer que pode ser da vítima. Já foi encaminhado para exame de DNA”, afirmou Carmo.
Outro detalhe que chamou a atenção dos investigadores é que Maicol sabia que o carro do pai da jovem estava quebrado, o que dificultaria que ela conseguisse uma carona para voltar para casa.
CONTRADIÇÃO
A contradição no depoimento de Maicol também pesou. O suspeito afirmou que passou a noite do crime em casa com a mulher, mas, ao prestar depoimento à polícia, a esposa desmentiu a versão, dizendo que dormiu na casa da mãe e não esteve com o marido naquele dia.