Política

Suposta ameaça de morte à ex-juíza Selma foi usada para montar escutas ilegais

O cabo Gerson Correa disse nesta tarde que uma suposta ameaça de morte feita em 2015 à ex-juíza e atual candidata ao Senado Selma Arruda (PSL) foi usada como desculpa para o cometimento de uma das muitas escutas ilegais perpetradas pelo governo do Estado.

“A juíza procurou o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado  (Gaeco) para falar da possível ameaça a ela. Fui designado para ir ao gabinete dela para conversar como seriam essas ameaças. Ela me narrou que uma assessora tinha recebido informações de que várias pessoas estavam em uma fazenda em que [José] Riva também estava e começaram a falar de Selma, que queriam cabeça dela e ela seria a chefe do Gaeco. Sabiam até a rotina dela. Eu fiz a apuração”, disse, em depoimento iniciado por volta das 14h desta segunda-feira (27).

Sempre de acordo com o cabo Correa, Selma oficializou a denúncia e Silval, Antônio Barbosa e o empresário Filadelfo dos Reis Dias foram incluídos nos grampos assim que a apuração da ameaça a Selma terminou e o promotor Marco Aurélio foi informado disso.

“Falei ao doutor Marcos que o crime de ameaça não gerava interceptação. Então, simularam o crime de organização para poder grampear. Eu formulei a denúncia anônima. Foi combinado com Selma para se declarar impedida para julgar o caso que envolvia a ameaça e repassado ao substituto”, continuou.

Ele também atribuiu a “culpa” das repetidas ilegalidades cometidas no âmbito das operações policiais a uma falha estrutural das escutas como ferramenta de investigação. Ele disse com todas as letras que os policiais e promotores usavam ordens judiciais de outros casos para a justiça autorizar as escutas que acabaram por expor o esquema e terminou classificado nos dias de hoje como Grampolândia Pantaneira.

Funcionava de modo a fazer com que o Gaeco, ao querer investigar alguém, no caso, Silval Barbosa, em uma nova operação ainda a ser deflagrada, utilizasse ordens de outros casos para fazer essas escutas relativas a esse virtual novo caso. Em suma, criava-se uma parte importante do inquérito com base somente em indícios imateriais, fofocas e nenhuma materialidade.

Redação

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