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Sua personalidade está atrapalhando sua carreira?

Ser introvertido é apenas uma das inúmeras características de personalidade que a L'Oréal leva em conta quando procura por funcionários que possam se adaptar à cultura da empresa. "Preferimos profissionais mais confiantes e extrovertidos porque acreditamos que as ideias surgem dos conflitos", explica Fréderique Scavennec, vice-presidente de talentos globais da marca francesa.

"Nossos funcionários são desafiados a todo momento e queremos alguém que defenda seus pontos de vista. A pessoa ideal também precisa fazer as coisas com paixão, ser empreendedora e ter a capacidade de se relacionar bem com os colegas."

A companhia usa várias técnicas para avaliar as personalidades dos candidatos às suas vagas. Eles podem ser instruídos, por exemplo, a simularem o anúncio de um determinado produto, o que vai testar aspectos como a criatividade e comunicação verbal.

A empresa também realiza um concurso anual, chamado Brandstorm, que desafia equipes de universitários a trabalharem juntos para elaborar um plano de marketing para alguma de suas linhas.

A preferência dos CEOs
Cada vez mais outras empresas estão indo pelo mesmo caminho, na tentativa de assegurar que seus contratados se enquadrem bem na cultura da corporação.

Elas esperam detectar atributos como paciência, persistência, curiosidade, agilidade e apetite para correr riscos, ao submeter candidatos a testes de personalidade e a entrevistas e dinâmicas de grupo. Algumas usam até jogos online para avaliar essas qualidades, da criatividade à empatia.

É verdade que a experiência profissional ainda supera outras qualificações no processo de recrutamento, mas a personalidade e a capacidade de se adequar à empresa foram apontadas como fatores essenciais em uma pesquisa de 2014 feita com mais de 2,3 mil CEOs, gerentes de RH e outros executivos em 18 países.

O estudo, conduzido pela consultoria Universum, revelou que quase metade dos entrevistados acredita que o perfil pessoal de um candidato é um dos fatores que mais pesam em uma contratação – mais ainda do que a universidade onde se formou, por exemplo.

A mesmo pesquisa mostrou que 44% dos executivos entrevistados ainda usam o que a Universum chama de "recrutamento baseado na personalidade", enquanto 69% disseram que vão fazer o mesmo no futuro.

Análise profunda
Optar pela personalidade errada pode custar caro, tanto para o empregado quanto para o empregador. A pessoa ficará desempregada, enquanto a companhia terá gasto uma quantia razoável no recrutamento e treinamento.

"Não quero perder um funcionário dali a seis meses, então começo minhas entrevistas pedindo aos candidatos que sejam transparentes e não façam joguinhos", afirma Scavennec. "Quero saber o que os faz felizes e como eles reagem aos acontecimentos."

Algumas empresas estão usando análise de dados para identificar traços de personalidade que sejam comuns a seus funcionários com melhor desempenho. A própria L'Oréal está estudando um projeto para criar modelos com os tipos de personalidade que mais se dão bem na empresa.

Na Grã-Bretanha, a empresa de contabilidade Grant Thornton realizou um estudo interno e descobriu que os funcionários com as melhores notas na universidade nem sempre eram aqueles com melhor performance.

A pesquisa incentivou a multinacional a adotar uma visão mais holística dos candidatos, incluindo seus traços de personalidade, valores e potencial.
"Foi uma mudança drástica para nosso setor, que tradicionalmente seguia padrões rígidos de apreciação do desempenho acadêmico", admite Helen Baldwyn, gerente de recrutamento da Grant Thornton. "Mas decidimos que as notas não são tudo, e remodelamos nosso processo de seleção em torno de valores e comportamentos, para aprender o que realmente motiva esses jovens."

Agora, os recrutadores da empresa observam os estudantes em exercícios em grupo e fazem perguntas mais relacionadas a seu comportamento. "Queremos saber o quanto eles se envolvem com os outros, como formam suas relações e o quanto são curiosos", diz Baldwyn.

O resultado é que agora a Grant Thornton está mais contente com os novos funcionários, além de ter diversificado o perfil socioeconômico de seu quadro, já que 20% dos trainees de 2015 não teriam sido aprovados pelos antigos critérios de desempenho acadêmico.

Longo recrutamento
É claro que não é fácil avaliar com precisão a personalidade e adequação de alguém em um processo de recrutamento rápido. Por isso, a Etihad Airways, de Abu Dhabi, implementou um programa mais longo e detalhado para tentar encontrar a pessoa certa para a vaga certa.

O programa dura quatro meses e foi batizado de Discovery Centre. A companhia aérea primeiro explica as funções de determinado cargo e coloca os candidatos em um processo de autodescoberta.

Isso pode incluir tarefas como fazer desenhos de si mesmos, destacando suas qualidades pessoais. "As pessoas começaram a falar mais abertamente na frente das outras através de métodos como esse, enquanto antes, durante entrevistas, se mantinham mais reservadas", afirma Wissam Hachem, vice-presidente de treinamento da Etihad.

Depois de receber uma oferta provisória de emprego, o candidato participa de um processo de três meses, pelo qual aprende mais sobre a empresa, sobre o setor aéreo e sobre suas próprias habilidades. No fim, ainda completam um projeto em grupo, antes de saber se vão mesmo obter a vaga que desejam.

Até agora, cerca de 40 pessoas passaram pelo Discovery Centre. "Estamos crescendo rapidamente e desenvolvemos uma atitude de 'deixa comigo'. Por isso, procuramos por pessoas ágeis e que trabalham bem sob pressão", diz Hachem. "Na nossa empresa, tudo se baseia em um comportamento vencedor".

Fonte: BBC BRASIL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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