O STJ (Superior Tribunal de Justiça) instaurou inquérito para apurar o esquema de grampos clandestinos operados em Mato Grosso. A informação foi dada pelo governador Pedro Taques às 23h30 desta quarta-feira (28) em seu perfil no Facebook, mesmo dia em que dois secretários de sua gestão foram presos a mando do desembargador Orlando Perri.
“Acredito que todos estejam acompanhando o caso popularmente conhecido como escândalo dos grampos. Desde que essa denúncia veio a público, tenho envidado todos os esforços para que isso seja esclarecido o mais rapidamente possível. As primeiras investigações partiram de dentro do próprio governo, sob o meu comando. E assim será até que tudo seja elucidado”, escreveu o governador.
Taques lembra que o STJ já abriu uma sindicância para apurar os fatos, mas que, atendendo sua solicitação protocolada na última segunda-feira (25), o inquérito foi acatado ontem. “Trocando em miúdos, eu mesmo pedi ao STJ que me investigue”.
O governador pontua que sempre defendeu que ninguém está acima ou abaixo da lei ou obter vantagens por exercer cargo público, mas também que não pode ser julgado arbitrariamente.
“Tenho plena convicção de que nada devo a respeito desse caso. Quero que a investigação formal seja feita para acabar de vez com essa história, que infelizmente vem sendo utilizada de forma politiqueira e vil, tentando me imputar de forma mentirosa essa acusação, criando uma cortina de fumaça para confundir o cidadão de bem deste Estado, que vem sofrendo as consequências de um passado recente de roubo do dinheiro público”.
Veja a nota na íntegra:
Operação Esdras
A Polícia Civil realizou na manhã da quarta-feira (27) o cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão, condução coercitiva e medida restritiva de pessoas relacionadas ao esquema conhecido como "grampolândia pantaneira".
Entre os alvos, o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, coronel Airton Siqueira, o secretário de Segurança afastado Rogers Jarbas e o ex-secretário da Casa Militar Evandro Lesco.
Também na lista dois membros da Polícia Militar que atuavam no serviço de inteligência, sargento João Ricardo Soler e major Michel Ferronato, a mulher de Lesco, Helen Christy Carvalho Dias Lesco, e o empresário José Marilson da Silva, ex-proprietário da empresa Simples IP que fornecia sistema de segurança sentinela ao governo.
Os mandados foram autorizados pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), a pedido da delegada responsável pelo inquérito, Ana Cristina Feldner, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
Ao todo foram oito mandados de prisão, uma condução coercitiva, uma fixação de medidas restritivas e 16 de busca e apreensão. Todos os detidos foram encaminhados ao Fórum de Cuiabá para audiência de custódia.
Entre as apreensões estavam inclusos documentos, aparelhos celulares, notebooks, HDs, pen drive, incluindo imagens do circuito interno de televisão e material de espionagem, como óculos, chaveiros, canetas e broches.
A ação foi denominada Operação Esdras.
"Recebi com surpresa"
No início da noite, por volta das 18h, o governador emitiu uma nota afirmando ter recebido com surpresa e perplexidade os fatos revelados no desencadeamento de outra fase das investigações sobre o esquema de escutas ilegais em Mato Grosso, nesta quarta-feira (27), que resultou na prisão de dois dos seus secretários e um ex-secretário de Estado.
“São fatos gravíssimos que, se comprovados após o devido processo legal, merecem a indignação de toda a sociedade mato-grossense”, disse.
Taques anunciou o afastamento do coronel Airton Siqueira da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), que foi preso preventivamente após ter um mandado de prisão autorizado pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), a pedido da delegada responsável pelo inquérito, Ana Cristina Feldner, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
Além dele, foram presos também o secretário de Segurança, Rogers Jarbas, que já está afastado, e o ex-secretário Paulo Taques, primo de Pedro, que já havia sido preso anteriormente por envolvimento no mesmo esquema.
Segundo o tucano, quem responderá pela pasta agora será o delegado de polícia Fausto de Freitas, do Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção (GTCC). Ele deve atuar cumulativamente até que todos os fatos relacionados aos dois ex-secretários sejam devidamente esclarecidos.