Opinião

SONORIDADE INDÍGENA EM MARLUI MIRANDA

A TV Assembleia Legislativa de Mato Grosso exibiu recentemente o programa História do Brasil, narrado por Boris Fausto. Baseado no livro de sua autoria, o historiador destaca os fatos que marcaram a formação social, política, econômica e cultural do Brasil, inseridos desde o período colonial até o republicano. 

A narrativa da História do Brasil é acompanhada por imagens e composições musicais que contribuem ainda mais para prender a atenção do telespectador. A trilha sonora, bastante diversificada,  reflete o multiculturalismo brasileiro. Parte do repertório de Marluí Miranda, compositora, cantora e pesquisadora da cultura dos povos indígenas da Amazônia, é intercalada à voz de Boris Fausto, a ampliar a presença indígena na formação do povo brasileiro.

Em Uluri, música instrumental de uma das faixas do CD “Babel”, da Banda Pau Brasil, Marlui Miranda (voz, violão e flauta) dá contemporaneidade à música indígena. Chocalhos, tambores, flauta de bambu e canto somam-se aos sintetizadores, baterias e contrabaixo elétrico.

Uluri é uma palavra de origem indígena, da etnia Kuikuro, do Parque Indígena do Xingu. Consiste em um adorno exclusivo das mulheres do Alto Xingu. Em forma de triângulo, o cinto cobre o púbis para indicar sua indisposição às relações sexuais. O uluri que proteje as mulheres de relações sexuais indesejadas garante-lhes que sua intimidade seja regulada somente por elas. 

O som de Marluí Miranda divulgado no programa História do Brasil exalta o artefato que dá poderes às mulheres no comando das relações sexuais. Também, ao desejarem afastar os homens, sacodem o uluri ou ameaçam encostá-lo em um deles. Temerosos, saem às carreiras pois acreditam que o contato com o artefato trará grandes malefícios. 

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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