Política

‘Somos da paz e vamos em paz’, diz Gleisi sobre julgamento de Lula

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), negou nesta quarta-feira (17) que tenha defendido a possibilidade de conflito no dia 24, durante julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Porto Alegre.

Na segunda-feira (15), em entrevista ao site "Poder 360", Gleisi afirmou que para prender Lula teria que "matar gente". Dois dias depois, a senadora disse à radio Trianon que aquela foi uma força de expressão.

"Somos da paz e vamos em paz a Porto Alegre", afirmou Gleisi.

A senadora disse ter usado a expressão como uma demonstração do quanto Lula é amado. Ela contou que, em sua caravana pelo Nordeste, Lula era abordado por eleitores que prometiam morrer por ele.

"Eles diziam 'conte comigo. Se precisar, estarei lá. Morro pelo senhor'", relatou Gleisi.
A presidente do PT disse que o partido não aceitará uma sentença condenatória e resistirá politicamente.

"Vai ter resistência. Não normalizamos uma situação de prisão".

A senadora afirmou também que a "violência pode ser infiltrada", e que cabe à inteligência policial detectá-la.

"Dizer que um partido político tem que ser responsável pela segurança é de rir", afirmou.

Dirigentes petistas buscaram minimizar a declaração da presidente do partido. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, chamou a declaração de infeliz, afirmando que essa foi uma força de expressão.

"Haverá uma comoção social. Vamos ficar chateados. Eu mesmo, se o Lula for preso, vou morrer do coração", reagiu Okamotto, que disse que não há orientação de endurecimento às vésperas do julgamento. "Não haverá uma revolução, infelizmente."

Ele acrescentou: "Vamos insistir na via institucional, o que não significa entrar com uma ação [na Justiça] e ir para casa de braços cruzados".
Para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), a fala de Gleisi foi "força de expressão".

"Não tem sentido literal. Não tem relevância."

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) opinou que Gleisi sofreu de "ansiedade cibernética", fruto de tentativa de se mostrar proativa na internet.

Após sua declaração causar polêmica, a senadora se justificou nas redes sociais: "Usei uma força de expressão para dizer o quanto Lula é amado pelo povo brasileiro. É o maior líder popular do país e está sendo vítima de injustiças e violência que atingem quem o admira.
Como não se revoltar com uma condenação sem provas?".

Temerosos de acirramento de ânimos, petistas viram na declaração novo deslize de Gleisi. No sábado (13), ela divulgou que Lula havia sido homenageado pela torcida do clube alemão Bayern de Munique. Na faixa onde Gleisi leu "Forza Lula" estava, na verdade, "Forza Luca", em referência a um torcedor ferido.

A afirmação da senadora ocorre dias após o tesoureiro do PT, Emídio de Souza, reconhecer a militantes incertezas sobre o destino de Lula e estimular petistas a demonstrar força para constranger a Justiça.

"Quanto mais força tiver o nosso movimento mais comedida a Justiça vai ser. Não sei se ela vai se amedrontar. Nós temos que demonstrar nossa força. Fazer nossa parte e depois a gente vê o que acontece."

O presidente do TRF4, Carlos Eduardo Thompson Flores, já manifestou preocupação com a segurança dos juízes da corte após ameaças.

Lula será julgado em segunda instância. Ele foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelo juiz Sergio Moro, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP).

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

Você também pode se interessar

Política

Lista de 164 entidades impedidas de assinar convênios com o governo

Incluídas no Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas (Cepim), elas estão proibidas de assinar novos convênios ou termos
Política

PSDB gasta R$ 250 mil em sistema para votação

O esquema –com dados criptografados, senhas de segurança e núcleos de apoio técnico com 12 agentes espalhados pelas quatro regiões