O vice-governador do Distrito Federal, Renato Santana, instalou nesta quinta-feira (9) um gabinete de crise em Vicente Pires para reverter problemas provocados pelas chuvas da última noite na região administrativa, como rupturas no asfalto e alagamentos. O maior estrago ocorreu na Chácara 69, onde o solo afundou 2,5 metros e deixou uma casa em reforma “pendurada”. A laje cedeu no ponto onde os moradores faziam ampliação. Havia três pessoas no local, mas ninguém se feriu.
As proximidades foram interditadas pela Defesa Civil, que determinou que os donos da casa façam o escoramento da obra e contratem uma empresa especializada. Major do órgão, Mário Henrique Furtado disse que 15 agentes trabalham na região desde a 1h.
“Um dos pilares de sustentação colapsou, danificou cobertura”, explica. “Mas estamos também identificando outros pontos e tomando as medidas necessárias para minimizar ou reparar os danos causados.”
Segundo Furtado, um muro caiu na Chácara 130, a edificação ao lado da igreja está com o solo alagado e o asfalto de parte das ruas foi arrancado com o temporal. O problema é frequente e costuma se concentrar nas ruas 3, 4, 6, 10 e 12. Atualmente, Vicente Pires tem 85 mil moradores e é dividida em três glebas. Dessas, apenas uma está regularizada.
O projeto urbanístico de toda a região e a licença ambiental já estão aprovados, mas as obras de drenagem e pavimentação ainda não começaram por causa de questionamentos feitos em setembro pelo Tribunal de Contas. A vice-governadoria informou que espera dar início às intervenções em 60 dias. Serão investidos R$ 504 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na região.
Equipes da Novacap e do Detran foram acionadas para levantar todos os problemas enquanto as obras não acontecem. Um trator percorria uma das ruas pela manhã para remover o asfalto que se sotlou com a chuva.
Um estudo feito pela Defesa Civil aponta a existência de 36 áreas com risco de acidentes provocados por chuvas na capital do país. São 2.353 residências, a maioria em regiões marcadas pela ocupação desordenada do solo e ainda em processo de regularização, como o Setor Habitacional Sol Nascente, Vicente Pires, Fercal, Arniqueira e a Vila Rabelo.
Apesar disso, dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental apontam que o DF gastou menos de 0,1% dos recursos destinados para obras de drenagem pluvial em 2014. Dos R$ 28,3 milhões autorizados, apenas R$ 23,6 mil foram empenhados. Na época, a Secretaria de Obras alegou que a verba era voltada ao Programa Águas do DF – anunciado no final de 2012, que prevê o reforço e ampliação da rede no Plano Piloto e em Taguatinga – e não foi utilizada por causa de questionamentos do Tribunal de Contas.
Problemas em Vicente Pires
O vice-governador Renato Santa assumiu interinamente a administração regional no começo de março. A então gestora foi exonerada depois de denunciar à polícia moradores que recapeavam sem autorização uma rua esburacada da região.
A falta de um sistema de escoamento de águas é apontado como um dos principais razões para o surgimento de buracos em todas as ruas da região. Em algumas vias, o asfalto se desfez completamente e foi tomado por lama e barro. Alguns buracos têm mais de 30 metros de extensão; outros “cortam” ruas de um lado ao outro. Muitos veículos atolam e quebram ao passar por esses locais.
Segundo a administração regional, no começo de março, em apenas uma semana, foram realizadas três operações de reparos de asfalto na rua 10, uma com as piores condições, mas, ao fim do dia, a chuva havia destruído todo o trabalho executado. O órgão diz que tem tentado manter equipes de reparo em tempo integral nas ruas, mas os servidores não conseguem dar conta da demanda.
Fonte: G1