Cidades

Sobe para 8 o número de escolas ocupadas na Grande São Paulo

PM joga spray de pimenta durante confusão em frente à escola (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)

 

A escola estadual Pio Telles, localizada na Zona Oeste de São Paulo, foi ocupada nesta sexta-feira (13) por manifestantes que protestam contra a reestruturação do sistema educacional de ensino. Trata-se da oitava unidade a ser ocupada nos últimos quatro dias.

No total, 94 unidades serão fechadas dentro da reorganização realizada pelo governo estadual. A reorganização pretende aumentar o número de unidades com ciclo único e reduzir o número de unidades com alunos de várias faixas etárias diferentes.

A ocupação da escola Pio Telles ocorreu pela manhã. Por volta das 11h30, a Polícia Militar foi avisada da manifestação e foi até o local para acompanhar o ato.

Movimentação de alunos na Escola Estadual Diadema, na grande São Paulo, na manhã desta sexta-feira, 13. Grupo de alunos contrários as mudanças anunciadas pelo governo estadual invadiram o colégio na noite de segunda-feira, 9. (Foto: Renato Mendes/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

 

Também nesta sexta-feira (13), a escola Dona Ana Rosa de Araújo, também na Zona Oeste foi ocupada.

Veja as escolas ocupadas:
1 – Fernão Dias Paes, Rua Pedroso de Morais, Pinheiros
2 – Diadema, Rua Antônio Doll de Moraes, 76, Diadema
3 – Salvador Allende Gossens, Rua Domingos Lisboa, 139, José Bonifácio
4 – Valdomiro Silveira, Rua José de ALencar, 75, Santo André
5 – Professora Heloísa Assumpção, Avenida Comandante Sampaio, 1339, Osasco
6 – Castro Alves, Rua Francisco Bruno, 67, Santana
7 – Dona Ana Rosa de Araújo, Rua Eden, Vila Inah
8 – Pio Telles, Rua Artur Orlando, 948 – Vila Jaguara

Quatro dias
Alunos ocuparam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, na Zona Oeste de São Paulo, na manhã de terça-feira (10). Por volta das 14h30 desta quarta-feira (13), três manifestantes deixaram o colégio para uma reunião marcada com o governo, no prédio da 5ª Vara da Fazenda Pública, na região central da capital.

Os alunos estavam acompanhados de uma conselheira tutelar e entraram em uma Kombi. Quando saíam, um dos estudantes gritou que faltava a presença de um advogado para acompanhar os jovens até o fórum. Um grupo que estava em frente à escola correu e tentou impedir que o veículo saísse, a Polícia Militar agiu para tirar as pessoas diante da Kombi e houve confusão. Assim que a PM deslocou o grupo, o veículo saiu acelerado. 

Na reunião, serão apresentadas as reivindicações dos estudantes para deixar o prédio – a Justiça determinou a desocupação em até 24 horas. Uma delas é que não haja punição aos alunos da rede estadual que participaram da manifestação.

Durante a madrugada, ao menos dois alunos deixaram o colégio por vontade própria. Uma conselheira tutelar que acompanha o ato dos estudantes disse que entre 12 e 25 alunos ainda permanecem dentro da escola. O número não é confirmado pelos manifestantes, segundo eles, para não incentivar a Polícia Militar a entrar na instituição.

Por volta das 12h desta sexta-feira (13), um grupo de aproximadamente 20 trabalhadores da USP chegou à Avenida Pedroso de Morais para apoiar o ato dos estudantes. Pouco antes, os manifestantes haviam recebido uma doação de suco em caixa e também de pastéis. Segundo uma das jovens no protesto, as doações foram feitas por comerciantes da região.

Depois, foi a vez de um grande grupo de alunos da Escola Estadual Godofredo Furtado, que também fica na região de Pinheiros, se juntar ao protesto. De acordo com os próprios estudantes, são cerca de 100 jovens. Eles saíram no meio da aula e caminharam até o local.

O trajeto tem pouco mais de 1 km. Com a reestruturação que o governo quer implantar, alunos do ensino médio da Godofredo Furtado serão transferidos para a Fernão Dias Paes. Alunos temem que a mudança cause superlotação nas salas de aula. A secretaria de Educação garante que o limite de 40 alunos por classe será respeitado.

Intimação
Um oficial de Justiça entregou no início da noite de quinta-feira (12) a intimação que determina a desocupação em até 24 horas.

O prazo começa a valer a partir da reunião de conciliação entre governo e os alunos, agendada para esta sexta. Os estudantes fizeram uma reunião para decidir se compareciam à reunião porque a Polícia Militar já afirmou que não deixará os alunos voltem a entrar na escola depois de saírem.

Os mais de 100 policiais envolvidos na operação, no entanto, não evitaram que dois jovens, que já haviam saído da ocupação, voltassem para dentro do colégio pulando um muro. A dupla resolveu sair da escola pela segunda vez nesta quinta (12) e, de acordo com um deles, o policiamento já avisou que, caso entrem novamente, será "complicado" sair apenas informando o número do RG.

Confusão
Houve confusão no momento que o oficial de Justiça conversava com os estudantes, nesta quinta-feira. Os policiais militares retiraram do grupo um jovem que estava na frente da escola e segurava um cigarro, que ele alegou ser de tabaco. Algumas pessoas tentaram impedir a detenção do rapaz e a PM usou spray de pimenta e cassetetes.

De acordo com o capitão Cunha Neto, o homem foi revistado e estava apenas como objetos pessoais. O cigarro também não era de substância ilícita.
Desde o começo da ocupação, na terça, aconteceram outros dois tumultos envolvendo manifestantes e a polícia. Em um deles, a polícia também utilizou o spray de pimenta para conter manifestantes que se exaltaram após uma abordagem policial. No outro, um sindicalista foi detido e encaminhado à delegacia por desacato.

Outras seis unidades escolares também foram ocupadas por estudantes na Grande São Paulo desde a terça (10). São elas: EE Diademax, no ABC; EE Salvador Allende, na Zona Leste; EE Valdomiro Silveira, em Santo Andréx; Helena Assumpção, em Osasco; EE Castro Alves, na Zona Norte; e EE Dona Ana Rosa Araújo, na Zona Oeste.

Prazo da Justiça
O juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública, foi quem determinou o prazo para que os alunos desocupem o prédio espontaneamente. Após 24 horas, a ordem diz que as pessoas serão "retiradas coercitivamente".

Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) já recorreu da decisão em 2ª instância e o pedido também foi negado.

O juiz determinou também que a reintegração seja acompanhada por representantes da Secretaria do Estado de Educação, da Procuradoria-Geral do Estado e do Conselho Tutelar.

Manifestação reforçada
Por volta das 21h30 desta quinta, manifestantes em defesa dos direitos femininos que fizeram um protesto contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), na região da Avenida Paulista, caminharam até a escola para apoiar o movimento dos estudantes. O grupo se juntou a pessoas que já estavam diante do colégio e lotaram o quarteirão.

Desde o início do protesto, movimentos de diferentes frentes já se juntaram ao grupo de estudantes que faz vigília em frente ao prédio da Fernão Dias Leme para prestar apoio aos alunos da ocupação. Além dos feminista, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e pessoas ligadas ao sindicato dos bancários também já passaram pelo local.

Outras escolas
A Secretaria da Educação informou que os alunos da Escola Estadual Castro Alves, na Zona Norte de São Paulo, estavam reunidos no pátio da unidade de ensino por volta das 16h30. Apesar da manifestação, as aulas ocorriam normalmente.

Estudantes da Escola Estadual Silvio Xavier Antunes, que fica no Piqueri, também na Zona Norte, fizeram uma manifestação na noite desta quinta-feira por vias da região, como a Avenida Edgar Facó. Eles carregavam faixas que reclamavam da reestruturação do ensino e também da crise hídrica no estado.

Mudanças no ensino
A reforma no ensino vai fechar 94 escolas estaduais, que serão usadas para outros fins educacionais, e restruturar várias outras para unidades de ciclo único (apenas 1º ao 5º anos, 6º ao 9º anos ou ensino médio).

Hoje, a escola Fernão Dias Paes tem turmas do ensino fundamental dos anos finais (6º ao 9º ano) e do ensino médio. Em 2016, com a reorganização do ensino, a escola passará a ter apenas o ensino médio. Os alunos do ensino fundamental serão transferidos, segundo a Secretaria da Educação.

Início
A PM diz que os estudantes começaram a manifestação às 6h55 desta terça-feira e impediram a entrada de funcionários. Policiais cercaram a escola. Mesmo os alunos que chegaram pela manhã para assistir às aulas, sem participar do protesto, precisaram esperar a chegada dos familiares para a liberação da saída pela Polícia Militar.

De acordo com estudantes que estavam no local, outras escolas da região serão fechadas e, por isso, haverá um remanejamento na quantidade de alunos na escola Fernão Dias Paes. Os alunos reclamam que poderá ter pelo menos mais 10 pessoas por sala e que estudantes que moram em outros bairros podem ser obrigados a sair do colégio.

Fonte: G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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