Não bastasse conviver com a falta constante de água no Jardim Monte Carlo, na zona oeste de Ribeirão Preto (SP), o motorista Fábio Paiva afirma que recebe contas abusivas do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp).
Segundo o morador, já foram cobrados mais de R$ 83 mil em faturas desde 2008. Por mês, Paiva diz receber contas de água com valores que variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil por um consumo que, de acordo com ele, não existe. “Abro a torneira e é só ar que sai, não é possível”, afirma.
A autarquia informou que o ar na rede de distribuição não interfere no consumo de água e que o problema pode ser causado por "dezenas" de fato
Em um vídeo postado em uma rede social, o motorista faz um protesto contra a situação e ilustra o problema ao encher bexigas com o ar que sai da torneira no quintal da casa dele. “Uma vizinha minha fez uma festa de criança e encheu quase 100 bexigas só na torneira, todo mundo parou na rua pra ver a cena, é só ar que sai mesmo”, disse Paiva.
Segundo o morador, o problema ocorre desde 2008, quando se mudou para a residência no Jardim Monte Carlo. Naquele ano, ele abriu um processo no Daerp após receber uma conta de água de R$ 2.090. “Foi o primeiro susto, depois começou a vir R$ 1,7 mil, R$ 1,5 mil, sempre da casa dos R$ 1 mil para cima, e de lá pra cá, todo mês vem esse absurdo de valor na água pra mim”.
'Constrangimento'
Desde que abriu o processo no departamento, o problema continua e há sete anos o motorista precisa anexar as contas abusivas no processo para não pagar as dívidas. “Todo mês é um constrangimento, porque eu tenho que pegar essa conta, ir lá no Daerp, enfrentar fila, perder um dia de trabalho só por isso”.
O Daerp informou a Paiva que quando o processo terminar será feito um cálculo de qual é a média gasta apenas com o consumo de água e mandarão os valores atualizados. Segundo o morador, o gasto médio na casa dele, com três pessoas é de no máximo R$ 40.
Além das contas com valores abusivos, o motorista diz que há problemas constantes com desabastecimento no bairro. "É precário, tem época que a água termina às 6h, volta 0h só para encher a caixa, e conforme a gente usa a boia abaixa, mas fica correndo com o ar, não entra água, e o relógio fica rodando".
Daerp
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o Daerp informou que o ar que entra na rede de distribuição de água não altera o consumo do cliente e que há “dezenas” de motivos que podem elevar o consumo. “Vazamentos internos, falta de leitura, imóvel fechado, por exemplo”, diz a nota.
Ainda segundo o departamento, o ar verificado é resultado de trocas de redes que o Daerp tem executado em diversas regiões da cidade e que “a presença do ar em canalizações que transportam líquidos é um fenômeno previsível sob o ponto de vista hidráulico”.
O Daerp informou também que o processo do morador está sendo verificado e analisado e será informado quando for concluído. Entretanto, não deu um prazo para solução do problema, que já dura sete anos.
Fonte: G1