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Só 6% das famílias no Brasil têm guarda dos filhos compartilhada

O Profissão Repórter entrou em um conjunto habitacional de São Paulo para descobrir quantas crianças são criadas com a guarda compartilhada. Conseguimos conversar com 30 famílias, 25 tem filhos. Em 14 os pais são separados. Dessas 14 famílias, em 11 a mãe cria os filhos sozinha, em duas são as avós que cuidam dos netos e só em uma as crianças ficaram com o pai. No Brasil, 85% das mães têm a guarda das crianças.

Fabiana Vieira cria três filhas de dois relacionamentos. “Tudo é mais a mãe, tudo é comigo, então só eu mesmo”, conta ela. O pai das meninas mora no mesmo conjunto habitacional, diz que se relaciona bem com as filhas, mas nunca pensou e criar as crianças. “Elas são maior da hora comigo, moram aqui também, são da hora comigo. Então não tenho essa intenção de morar com elas”, diz Marcos Paulo de Lima.

A única família do conjunto habitacional em que o pai cria os filhos é de Antonio Roberto de Oliveira. O encarregado operacional criou os quatro filhos e disse que não abriria mão deles.

A juíza que realiza a audiência de guarda, em Várzea Grande (MT), é Jaqueline Cherulli. Foi com base nas ideias dessa juíza que a lei da guarda compartilhada foi alterada. Até dezembro do ano passado, a guarda dos filhos só era dividida entre pai e mãe em casos de separação amigável. “Se surgiu uma lei para falar sobre guarda compartilhada, lógico que a lei veio tratar de casos que não eram amigáveis, onde o casal não se dava, onde não existia harmonia. Porque onde existe entendimento e harmonia o judiciário não é chamado”, explica Jaqueline Cherulli.

Com a mudança na lei, sempre que não houver acordo entre o ex-casal, a guarda será compartilhada e o tempo de convivência dividido de forma equilibrada, a não ser que um dos dois abra mão desse direito. “O foco da lei é o bem estar desses filhos. Pode acabar um relacionamento homem mulher, mas aquela família existe. Pai é sempre pai, mãe é sempre mãe e filho é sempre filho”.

Cláudia e Edson se separaram e hoje dividem a guarda dos filhos, Ana Cláudia e Edson Junior. Toda sexta-feira as crianças mudam de casa. Eles ficam uma semana com a mãe, outra com o pai.

Antes da juíza decidir sobre a guarda compartilhada, as famílias têm a vida investigada por psicólogas e assistentes sociais. Como os processos correm em segredo de Justiça, não podemos revelar a identidade das pessoas.

Acompanhamos a visita é na casa de um pai quer a guarda exclusiva da filha. Quem nos recebe é madrasta. A mãe, que hoje tem a guarda da criança, também recebe uma visita surpresa.

A próxima visita é para apurar uma denúncia. Segunda uma mãe, o filho de sete anos disse que estava sendo obrigado a trabalhar na oficina do pai. A confusão aconteceu porque pai e mãe, que estão com a guarda compartilhada provisória do filho, não se conversam.

Durante quatro anos e meio, o menino foi criado pelo pai. Há seis meses, por determinação da juíza Eulice, o ex-casal tenta fazer a guarda compartilhada dar certo. “A gente tentou pra ver se conseguia, mas a gente não tem comunicação, não tem diálogo, e sendo assim, não tem como ter uma guarda compartilhada”, reclama a mãe do menino.

“Ela saiu de casa quando o menino era pequeno e porque eu descobri que ela mentia para mim que ia trabalhar e se prostituía. Então esse foi o motivo da nossa separação”, diz o pai do garoto.

Ava tem 10 anos e mora em Belo Horizonte. Desde bebê, ela passa três dias da semana com a mãe e quatro com o pai. “Você vai acostumando, vai adquirindo prática nesse sistema de casa de um, casa de outro”, diz ela.

Fonte: iG

Redação

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