Cidades

Só 38% das casas em Cuiabá têm esgoto

Foto: Pedro Alves/Arquivo-CMT

O saneamento básico é um item indispensável à saúde humana. O relatório “O Direito Humano a Água e ao Saneamento”, produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), pondera que o “acesso ao saneamento básico e água potável segura é um direito legal, essencial para gozar a vida e todos os outros direitos humanos”. A afirmação talvez ajude a entender a deficiência social que atinge Cuiabá, uma vez que só 38,4% dos domicílios da cidade dispõem de serviço de esgoto.

Os dados são do Ranking do Saneamento, estudo publicado em agosto de 2014 pelo Instituto Trata Brasil, que utilizou como base informações coletadas em 2012 pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), elaborado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.

De acordo com o estudo, Cuiabá está próxima de universalizar o abastecimento de água às moradias, com índice de 99,78% de atendimento. Contudo, o município faz feio entre as capitais quando o assunto é esgoto: além de menos da metade das residências terem acesso a este serviço básico de saúde, cidades como Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Campo Grande (MS) estão à frente no ranking produzido pelo instituto que mede a cobertura e eficiência do saneamento.

Entre as 27 capitais, Cuiabá ocupa a 17ª posição, e numa lista composta por 100 municípios o centro político e econômico mato-grossense está na 73ª colocação, além de ser a única que não faz tratamento de esgoto, ao lado de Porto Velho (RO). 

Os cuiabanos não são os únicos a sofrer com saneamento básico deficiente. Várzea Grande, na região metropolitana, está entre os 20 piores municípios brasileiros na coleta de esgoto: só em 20% das residências na cidade há esse serviço.

O levantamento revela ainda que mesmo tendo mais de 200 mil habitantes a menos do que Cuiabá – que atualmente conta com 561.329 moradores de acordo com o IBGE – Vitória, no Espírito Santo, investiu muito mais na área de saneamento básico, totalizando R$ 660,38 milhões investidos desde 2008, o que coloca a cidade na terceira posição entre as capitais. Já a cidade mato-grossense destinou menos de um terço desse montante no mesmo período: R$ 213,31 milhões.

“Saneamento ficou de fora das eleições”

Mato Grosso ainda peca na abrangência e qualidade de serviços básicos. Um estudo feito pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), de 2013, coloca o Estado com o pior índice de desenvolvimento humano na região Centro-Oeste. Numa escala que vai de 0 a 1, Mato Grosso apresentou resultado de 0,725 – inferior à média brasileira, de 0,727. Um dos fatores que explicam a deficiência é a falta de saneamento, que tem origem em problemas políticos, ficando inclusive fora da pauta nas eleições.

A opinião é do presidente da Associação dos Engenheiros Sanitaristas e Ambientais de Mato Grosso (Aesa-MT), Jesse Barros. De acordo com o especialista, Cuiabá não tem planejamento nem projetos para atender às demandas de saneamento no município. Ele afirma ainda que a pauta ficou de fora das discussões e debates ocorridos no primeiro turno das eleições e que os candidatos preferiram fazer ataques pessoais que discutir problemas em alto nível.

“Tanto em nível estadual como federal a eleição se baseou em ataques entre candidatos. Ninguém discutiu ou apresentou soluções técnicas para o problema da falta de saneamento”, diz ele.

Confira reportagem na íntegra. 

Diego Fredericci

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