Era um país tentando se levantar de uma crise sem precedentes. O país sofre com as guerras e paga um preço alto por participar delas. A economia crescia pifiamente, afunda numa crise internacional que abala o mercado financeiro do mundo inteiro. As fábricas fecharam. O governo não consegue elevar o PIB.
O povo com menos escolaridade, os ditos comuns, sem formação superior, possuem uma vida sofrida, sem perspectivas, lutando diariamente com imigrantes por um lugar no mercado de trabalho. Fragilizados, o homem comum, protestante, trabalhador do interior e das periferias das metrópoles, se tornam alvo fácil para um homem de fala dura, politicamente incorreto, que prometia barbáries contra outras raças e contra todos, em prol da retomada do crescimento de sua nação.
Essa era a Alemanha na década de 30. Esse homem era Hitler.
A humanidade teima em andar em círculos. Qualquer semelhança com o novo presidente americano, Donald Trump, não é coincidência. O Estados Unidos repete a Alemanha no início do século, e nos faz perceber que não existe evolução sem que o capitalismo impere. Não importa os outros. Obama, negrinho só se preocupa com os outros.
-Go Back to Africa! – gritava uma mulher de origem hispânica enquanto segurava um cartaz dizendo “Obama worst presidente ever!”
O que importa é dinheiro no bolso. No mundo não existe necessidade de conhecimento. Não existe necessidade de um mundo globalizado, sem fronteiras. Não existe necessidade de criarmos um mundo mais humano. Afinal, pra que serve a África? É preferível comprar um Iphone7 a fazer um curso de especialização, né gente? Muito mais cool.
– Pai por que ele vai construir um muro? – pergunta assustado Joãozinho.
Como no início do século, mais uma vez, a semente da direita vai se espalhar como pétalas no vento. Ano que vem tem eleições diretas na França, na Alemanha e na Holanda. Trump prometeu se afastar da Europa, se afastar da Otan, coisa que Puttin espera há décadas. Ah!… e tem a China! Em breve a maior economia do mundo e que não vai ficar vendo tudo isso sem fazer nada.
– Hein, Pai…. por que esse homem feio odeia os muçulmanos? Tia Beatriz não é muçulmana?
Continuo em silêncio. Prepare seu abrigo antinuclear. Rumamos a ventos uivantes ao ciclo das Trevas.