O Sistema Penitenciário de Mato Grosso registrou até esta quinta-feira (23.07), duas mortes de reeducandos por Covid-19. Atualmente, 11.260 pessoas, entre homens e mulheres, estão custodiadas nas 48 unidades penais de Mato Grosso.
Desde meados de março, período em que começaram as ações de prevenção ao novo coronavírus, a atuação tem sido para evitar a contaminação dos recuperandos. Dentre as medidas tomadas está o tratamento precoce, conforme protocolo do Ministério da Saúde, triagem e isolamento das pessoas que adentram as unidades. Além de testagem, medidas orientativas quanto a higiene pessoal, lavagem das mãos, uso de álcool em gel e máscaras.
Na condução das demandas de atendimentos às Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) estão os servidores da área de saúde que atuam dentro das unidades. Desde o início da pandemia, os reeducandos tem recebido tratamento no local onde cumprem a medida de privação de liberdade. Atualmente, 310 servidores, entre efetivos e contratados, atuam no Sistema Penitenciário.
"A pandemia no contexto penitenciário colocou os envolvidos um novo formato para atender Pessoa Privada de Liberdade. Antes, a equipe de saúde aguardava as queixas para o atendimento. Hoje os profissionais vão até as pessoas, seja nos raios, nas celas ou nas alas", enfatiza a coordenadora de Saúde do Sistema Penitenciário, Lenil da Costa Figueiredo.
Fazem parte da área da saúde do Sistema Penitenciário médicos, enfermeiros, psicólogos, auxiliar de enfermagem, assistentes sociais, farmacêuticos, odontólogos, auxiliar de consultório dentário, nutricionistas, entre outros.
Números da doença
As duas mortes de internos ocorreram no município de Alta Floresta (a 600 km ao Norte de Cuiabá). Somente nesta unidade, 193 pessoas foram testadas. Destas, tiveram resultado: 65 positivos, entre os quais 54 estão curados, 128 negativos e duas mortes. Em todo o Estado, quase mil testes já foram realizados entre os reeducandos.
"Foi uma experiência que nunca passamos antes, mas conseguimos agir rápido. O resultado só ocorreu porque os servidores foram engajados no atendimento. Temos um médico e uma enfermeira na unidade, mas foi preciso pedir apoio na Superintendência e outros profissionais vieram ajudar no trabalho. Junto a isso, foi necessário intensificar as medidas de segurança, como por exemplo, o isolamento. Acredito que se nossa ação não tivesse sido coordenada e precisa, os números de óbitos seriam ainda maiores", revela a diretora da Cadeia Pública de Alta Floresta, Cilene Mateus da Silva.
Na maior unidade penal de Mato Grosso, a Penitenciária Central do Estado (PCE), a equipe de saúde passou a trabalhar inclusive aos finais de semana. Até o momento já foram realizados mais 420 testes rápidos, acusando 219 casos positivos e 201 negativos.
Enfermeira há dois anos na PCE, L.P.A, ressalta que este é o momento mais desafiador da carreira. "Desde o início da pandemia, as nossas ações têm sido no sentido de evitar surtos na unidade. Buscamos antecipar novas medidas e condutas internas e, aqui destaco, a interrupção das visitas para evitar aglomeração, a antecipação da vacina influenza, a triagem e isolamento de novos reeducandos, dentre outras ações. Vale ressaltar que todo atendimento tem sido feito internamente".
Na PCE, até hoje, não houve a necessidade da internação de nenhum preso na rede de saúde pública. Os casos não foram agravados.
"Faço o agradecimento especial aos profissionais da saúde do sistema penitenciário, graças ao empenho e dedicação de todos, temos alcançado índices exitosos no combate à doença", sintetiza a Superintendente de Política Penitenciária, Michelli Egues Dias Monteiro.