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Sistema de análise de DNA pode ajudar a identificar corpo de Amarildo

 
Amarildo sumiu no dia 14 de julho após deixar, junto com policiais militares, a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. Até hoje (17), o corpo não foi encontrado. Segundo a perita criminal e administradora do Codis, Tatiana Hessab, os dados do perfil genético de Amarildo e de parentes dele serão incluídos no sistema na semana que vem.
 
“Foram enviadas amostras de corpos do IML [Instituto Médico-Legal] para o IPPGF para a gente comparar com parentes do Amarildo para ver se existia o vínculo e foram laudos de exclusão [quando não se verifica um vínculo entre uma pessoa e o corpo a ser identificado]. Agora podemos pegar esses laudos e comparar com os perfis genéticos dos parentes ", disse em entrevista à Agência Brasil. De acordo com a perita, quando o sistema detecta algum vínculo, emite um aviso e os peritos aprofundam os estudos.
 
O Codis é usado pela Federal Bureau of Investigation (FBI), a Polícia Federal dos Estados Unidos. No Rio de Janeiro, está em operação desde agosto de 2013, quando foi criado o comitê gestor responsável pela fiscalização e pelas regras de utilização dos perfis genéticos para o cruzamento de amostras de DNA. Tatiana, que também é bióloga, destacou que os perfis dos parentes somente são usados em comparações para a identificação de corpos, e não para efeito de apuração criminal.
 
O banco de dados do instituto tem atualmente 250 amostras e vai ser ampliado com a inserção dos dados dos laudos de exclusão. “O banco tem a capacidade de fazer a comparação de todos os perfis genéticos entre si. Aquele cadáver que a gente já tinha feito exame, mas que não pertencia ao parente que veio procurar, vai ser comparado com todos os parentes que vieram doar. Essa comparação sem o programa não era viável, porque não tinha como manualmente pegar todos os perfis genéticos e comparar, mas inserindo todos os perfis que o IPPGF produz no programa, ele pode fazer a comparação. É mais fácil encontrar no sistema o vínculo de uma pessoa com um corpo que não foi identificado ”, explicou.
 
A perita informou que também poderão ser incluídos no programa amostras do local de crime e perfis genéticos de condenados por crimes graves e hediondos. “Todas as evidências de local de crime, de violência sexual podem ser comparadas entre si e de diferentes casos com perfis genéticos de condenados. Se tiver alguma evidência ou indivíduos que estão cometendo crimes em diferentes partes do Brasil, os perfis podem ser comparados”, esclareceu.
 
O primeiro caso resolvido pelo Codis foi o do jovem Jean Pierre, que desapareceu em 2012, em Antares, na zona oeste do Rio. A perita explicou que algumas tentativas com o perfil genético de Onofre, o pai do jovem, já tinham sido feitas no sistema anterior e todas foram negativas. No Codis, essas respostas também podem ser usadas no cruzamento de dados, o que possibilitou a identificação.
 
Por meio de um convênio com a Polícia Federal, o software foi trazido para o Brasil em 2010, mas não havia legislação no país que regulamentasse a utilização de material genético em cenas criminais. Segundo a Polícia Civil do Rio, a situação mudou com a aprovação da Lei 12.654, em maio de 2012, que prevê a identificação genética, e depois com a publicação do Decreto 7.950, em março de 2013, que regulamentou a criação do banco de dados. A operação dos laboratórios só foi possível, no entanto, com a criação do comitê gestor.
 
Outros 13 estados (Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), o Distrito Federal e a Polícia Federal (PF) também usam o Codis.
 
Para a perita e também administradora do sistema, Rosângela Medeiros de Carvalho, a análise conjunta de dados entre as unidades da Federação e a PF vai ampliar a possibilidade de identificação de suspeitos e a elucidação de casos investigados pela polícia. De acordo com a perita, quando o laudo dava negativo era uma situação frustrante, porque não era possível concluir o caso. “Não tinha mais o que fazer. Agora tem a esperança de colocar esse perfil no banco de dados e ficar aguardando que algum dia se comprove. Nós já tínhamos o perfil do Jean Pierre em 2012 e em 2013 inserimos os dados do Onofre, o pai dele”, disse.
 
Agência Brasil 

Redação

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