Política

Sindicado rebate juíza e diz que atuação de delegada foi “legítima”

O Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso (Sindepo-MT) rebateu a juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado Capital, na qual apontou que os grampos ilegais em Mato Grosso por meio da tática conhecida como “barriga de aluguel” – em que números de telefones de pessoas comuns são inseridos em pedidos judiciais de quebra de sigilo, sem qualquer relação com investigações – também foram realizados pela Polícia Civil.

Segundo a magistrada duas ex-servidoras ligadas ao ex-secretário Paulo Taques foram alvo de pedidos de interceptações em investigações conduzidas pela delegada Alana Derlene Souza Cardoso, no âmbito da Operação Forti, que investigava crimes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT).

Em apoio, o presidente do sindicato, delegado Wagner Bassi, afirmou que a delegada possui uma “carreira ilibada” e que a atuação da policial pode ser, inclusive, fiscalizada uma vez que Alana utilizou equipamentos oficiais para o “estrito cumprimento do dever legal”.

“Cumpre aqui esclarecer que a atuação da delegada Alana Derlene Sousa Cardoso no caso foi necessária, legítima e lícita, sendo utilizados equipamentos oficiais do estado para interceptações, ou seja, o guardião, que é plenamente auditável pela corregedoria e justiça, estando todos os áudios à disposição destes órgãos”, diz trecho da nota enviada pelo Sindepo à imprensa.

Na manifestação, a Sindepo reitera a situação em que se foi dado o pedido de quebra de sigilo telefônico de duas pessoas, Tatiana Sangalli (da Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana – Setpu) e de Caroline Mariano dos Santos (da Casa Civil), que seriam ligadas ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro e representavam ameaça a vida do governador Pedro Taques (PSDB).

“Conforme esclarecido juno a Sesp, havia indícios de que as duas pessoas citadas estariam envolvidas em ações de crime organizado, inclusive mantendo contato com o comendador Arcanjo e poderiam representar ameaça a vida do governador do Estado. Essas foram as razões que fizeram e justificaram a interceptação telefônica contra ambas, em caráter de urgência, por um único período”, disse.

Bassi declarou que o fato narrado não tem relação com as ações de arapongagem ocorridas no Estado, uma vez estas interceptações foram feitas com equipamentos clandestinos em local paralelo à Secretaria de Segurança Pública. Por fim o presidente resaaltou a confiança no trabalho da delegada.

“Isso posto, o Sindicato dos Delegados de Polícia de Mato Grosso reitera sua confiança na lisura do trabalho desenvolvido pela delegada Alana Derlene Sousa Cardoso”, finaliza a Wagner. 

Interceptações

A afirmação consta em ofício elaborado pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, à corregedora-geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), a desembargadora Maria Aparecido Ribeiro. 

Conforme o ofício encaminhado no dia 25 de maio, a ex-servidora da extinta Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu), Tatiana Sangalli, e a ex-servidora da Casa Civil, Caroline Mariano dos Santos – ambas ligadas ao ex-secretário Paulo Taques – foram alvo de pedidos de interceptações telefônicas irregulares. 

De acordo com Selma, os números telefônicos das duas foram inseridos pela delegada Alana Derlene Souza Cardoso, no âmbito da Operação Forti, em fevereiro de 2015, que investigava crimes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT).

“Esta delegada ocupava, na época, o cargo de Diretora de Inteligência da Policia Judiciária Civil, diretamente ligada à Secretaria de Segurança Pública, cujo titular era o promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus. Foi ela a coordenadora da Operação Fortis, da SESP. O ocorrido denota, a princípio, típico caso da chamada “barriga de aluguel”, que induziu tanto o Ministério Público quanto o juízo a erro”, diz trecho do documento.

O ofício aponta que no pedido de quebra de sigilo telefônico, Tatiana foi identificada como “Dama Lora” e Caroline como “Amiguinha”. O contato das duas foram retirados da investigação antes mesmo do pedido de prorrogação das interceptações.

Ainda segundo a magistrada, os áudios de Tatiana e Caroline nunca foram enviados a ela.

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Valquiria Castil

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