Jurídico

Silval nega que tenha ordenado cobrança de propina

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) negou que tenha determinado a cobrança de propina do empresário João Batista Rosa.

A declaração foi dada em reinterrogatório no âmbito da ação penal derivada da 1ª fase da Operação Sodoma – deflagrada em setembro de 2015 -, na tarde desta segunda-feira (24).

Silval é acusado de liderar a organização que recebeu R$ 2,5 milhões do empresário, para que sua empresa – do Grupo Tractor Parts – fosse enquadrada no Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso).

Os incentivos foram propositalmente concedidos de forma irregular para forçar o empresário a continuar pagando propina sob ameaça de revogar os benefícios.

"Eu acho que o Pedro [Nadaf] fez o negócio. O João Rosa obteve 8 milhões em benefícios", declarou.

De acordo com Silval, em 2011, ele foi procurado por João Rosa, que, junto com o então secretário da Sicme, Pedro Nadaf, reclamou que tinha um crédito tributário que não era reconhecido pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz).

Segundo o ex-governador, ele orientou João Rosa a procurar a Sefaz e conversar com o então secretário-adjunto, Marcel de Cursi. Na denúncia, o Ministério Público Estadual (MPE) apontou que Marcel negou o pagamento de tal crédito. Já Nadaf, teria exigiu que João Rosa abrisse mão do valor que tinha a receber e exigido propina para o enquadramento no Prodeic.

"Esse R$ 1 milhão que o Pedro assume que recebeu do João [Rosa], que foi parcelado em 60 vezes de R$ 30 mil. Tenho certeza que não fui beneficiado".

O político declarou que só tomou conhecimento do pagamento de propinas depois da deflagração da operação.

"Eu não tenho conhecimento desse contrato que havia entre o Pedro e o João Rosa. Tive conhecimento depois da terceira operação que estourou. Não houve da minha parte extorsão com o seu João".

Carta de Nadaf

Logo no início do interrogatório, Silval entrega um carta atribuída a Nadaf e que teria sido entregue a ele em outubro de 2015, logo que o ex-governador foi transferido para o Centro de Custódia da Capital (CCC).

Na carta, Nadaf pede desculpas, se dizendo “envergonhado”. Nadaf ainda teria pedido dinheiro para custear custos com honorários de advogados.

"Pedi para ver "Bob Pai" [Silval fala que ele é um Piran. "Era esse o codinome que eu coloquei"], mas não estão vindo para cá, com receio de # (nota da Selma: referência a cadeia). Se precisar assino uma amarela [nota pormissória] só até eu sair, depois dou um jeito. Tentei com uns amigos e não consegui", diz a carta de Nadaf.

Para Silval, o pedido de desculpas era motivado pelo fato de Nadaf saber que ele não tinha conhecimento do esquema envolvendo João Rosa.

“Ele [Nadaf] sabe que eu não sabia da negociação com João Rosa”, declarou.

Decreto

À promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, Silval negou que tivesse conhecimento do decreto que concedeu o beneficio a empresa de João Rosa. Ele, no entanto, confirmou que assinou o documento.

"Não lembro desse decreto. Sei que assinei, mas não lembro de nada do decreto. Não teve nada de diferente no procedimento".

 

Leia mais

{relacionadas}

Redação

About Author

Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.