Vinte e quatro deputados estaduais teriam recebido propina do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), entre 2012 e 2013, de esquemas em obras do MT Integrado, Copa do Mundo e empresas beneficiadas com incentivos fiscais. A lista consta da delação premiada assinada por Silval Barbosa para a Procuradoria Geral da República (PGR) e se refere a titulares do cargo e a suplentes.
O esquema de pagamentos teria iniciado em 2012 a partir de uma reunião os deputados Romoaldo Junior (PMDB), então líder do governo, José Geraldo Riva (à época presidente da Assembleia Legislativa), Mauro Savi (PSD) (o primeiro-secretário), Gilmar Fabris (PSD), Baiano Filho (PSDB), Wagner Ramos (PSD) e Dilmar Dal Bosco (DEM).
Eles teriam exigido o pagamento de R$ 1 milhão para cada deputado, condicionando a aprovação das contas anuais de Silval Barbosa ao pagamento do esquema. Esse tipo de reunião aparece em mais de um caso citado pelo ex-governador, sempre com a participação de membros da Mesa Diretora da Assembleia no período.
Silval teria feito uma contraproposta de R$ 400 mil, e a negociação foi fechada em R$ 600 mil, que seriam pagos em 12 parcelas. O valor equivalia entre 3 e 4% do total de contratos assinados por empresas envolvidas no MT Integrado, nas obras da Copa e seria utilizado, segundo Silval, para quitar dívidas de campanha.
As construtoras citadas são Guaxe e Encomind; 3 irmãos Engenharia; JM Terraplanagem e Construção; Agrimat Engenharia e Empreendimentos; Rio Tocantins; Francisco Marino; Base Dupla; Camargo Campos; Destesa Engenharia e Construção; Dínamo Construtora; H.L. Construtora; OK Construtora e Serviços; Campesato; Apuí Construtora; e Centro-Oeste Construtora.
Na lista de recebedores de propina estão os deputados Wagner Ramos (PSD), Romoaldo Junior (PMDB), Ondanir Bortolini, o Nininho (PSD), Guilherme Maluf (PSDB), Zé Domingos Fraga (PSD), Pedro Satélite (PSD), Sebastião Rezende (PSC), Dilmar Dal Bosco (DEM), Baiano Filho (PSDB), Mauro Savi (PSB), Gilmar Fabris (PSD), os ex-deputados José Riva (sem partido), Antônio Azambuja (PP), Alexandre César (PT), Ademir Brunetto (PT), João Malheiros (PR), Airton Português (PSD), Walter Rabello (falecido), Luiz Marinho (PTB), Jota Barreto (PR), Teté Bezerra (PMDB), o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB), a prefeita de Juara Luciane Bezerra (PSB) e o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP).
O outro lado
Por meio de nota, o ex-deputado estadual Alexandre César disse que não recebeu propina e que os fatos delatados "não se deram nem da forma, nem ao tempo e tampouco nos valores anunciados". Já o deputado Romoaldo Júnior afirmou que ninguém do governo lhe pediu lista ou relação com nome de deputados para que fosse facilitada a aprovação de projetos na Assembleia Legislativa e que "a verdade será revelada".
Os deputados estaduais Nininho e Wagner Ramos disseram que não irão fazer declarações sobre assunto no momento. A ex-deputada e atual prefeita de Juara, a 690 km de Cuiabá, Luciane Bezerra, afirmou, por meio de nota, que o dinheiro recebido era para quitar uma dívida pessoal contraída por Silval Barbosa, como empresário, com o marido dela, o deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), não se tratando de propina.
O atual deputado federal Ezequiel Fonseca, os deputados estaduais Pedro Satélite, Sebastião Rezende e Guilherme Maluf negam participação no esquema. A ex-deputada estadual Teté Bezerra também negou ter recebido propina e disse que a delação "é absurda, mentirosa e irresponsável".
A assessoria do deputado Baiano Filho disse que ele está viajando. A reportagem não conseguiu contato com os deputados Gilmar Fabris e Dilmar Dal'Bosco e com os ex-parlamentares José Domingos Fraga, Airton Português, Antônio Carlos Azambuja, Hermínio J. Barreto, João Malheiros, Ademir Brunetto, Luiz Marinho Botelho e com a família de Walter Rabello, que faleceu em 2014.
O ex-deputado estadual José Geral Riva afirmou que está tomando conhecimento da delação e que muitos dos trechos são verdadeiros, mas que não pode generalizar porque, em um determinado momento, nem todos os deputados receberam dinheiro. Riva disse, ainda, que vai continuar contribuindo com a Justiça e ratificar o que for verdadeiro.